Negociação? Com quem?

Nestor Roqueiro

É lamentável a situação em que nos encontramos. Enquanto o governo dá claros sinais de que não quer negociar com nenhum trabalhador (o negócio é com o “mercado”) como podemos ler em duas notícias no nosso próprio site – “Governo diz que, sem reforma, salário do servidor está ameaçado em 2020” – tentando nos amedrontar, algo que não condiz com negociação, e a outra – “Guedes diz que não fará concursos para repor aposentados no serviço público” – afirmando que vai digitalizar as tarefas realizadas por nós (vamos ter computadores fazendo pesquisa e preparando aulas, ou seja, ele tem as aplicações de IA mais avançadas DO MUNDO), alguns professores pensam que o governo vai negociar com a “APUFSC Sindicato Independente” alegando questões ideológicas.

Não sejamos ingênuos, não vamos cair nessa, a ideologia é o que menos interessa ao sistema financeiro do qual o Guedes é o representante no governo. Para extorquir, a negociação não é uma ferramenta  útil, o que vale é o medo que paralisa as reações até o roubo estar concluído. E o medo está sendo usado sistematicamente. “Apufsc Sindicato Independente” hoje só interessa aos que querem que o MD não se manifeste, não reaja, aos que querem uma instituição inerte.
 
O Proifes nasceu como uma reação ao Andes por práticas que eu mesmo critiquei mais de uma vez, mas recebeu apoio fervoroso dos defensores de uma tal social democracia brasileira que com o tempo deixou de ser social, democrática e de brasileira, sobraram só os nomes de alguns membros. Com o PT no poder e próximo à CUT, o Proifes teve bastante sucesso nas “negociações” com o governo. Como o PT, burramente, desmobilizou o sindicalismo no Brasil, hoje o Proifes ficou sem poder de ação. 
 
No Brasil de hoje praticamente não sobrou nenhuma organização social forte para enfrentar um desgoverno autoritário que não negocia, não debate,  e que usa o medo para viabilizar seus interesses. Precisamos procurar nos cacos para ter um ponto de aglutinação e um arremedo de organização que nos permita resistir. Para mim o Andes é a solução menos pior, que boa não temos nenhuma.
 
Professor do Departamento de Automação e Sistemas