Nem Andes, Nem Proifes! Não Temos “Complexo de Vira-Lata”

Gerson Renzetti Ouriques

Colegas, escrevo este texto com a intenção de relembrar  e alertar os novos colegas sobre  disputas entre o nosso sindicato, APUFSC-Sindical, que se tornou sindicato próprio e independente  por  escolha da imensa maioria dos sindicalizados,  que fizeram  opção de  não  usar o sindicato para fazer política partidária, mas sim, fazer política  concentrada  na defesa e nos interesses da categoria, ou seja, dos professores da instituição.  O texto narra fatos  que podem ser facilmente confirmados,  como  também alguma opinião que expresso , que os colegas podem ou não concordar, obviamente.  Assim  os colegas, principalmente os que ainda desconhecem ou estão com dúvida, poderão talvez tirar suas conclusões e decidir sobre a discussão de  continuar como APUFSC-Sindical,  autônoma e independente, ou  abrir mão, desistindo deste status  para se tornar uma seção subalterna, submissa, de um outro sindicato, sob pretexto de ter abrangência nacional (pura “balela”)

Estando o governo lentamente articulando o massacre dos sindicatos dos trabalhadores como nunca antes visto, deveríamos nos preocupar com a união entre os sindicalizados para nos fortalecermos e fazermos frente ao que já estamos  enfrentando  e iremos enfrentar muito brevemente.  Não sei a quem interessa a discussão da tentativa de filiação a algum outro sindicato do nosso  sindicato em Santa Catarina, a APUFSC- Sindical.  Exatamente quando temos que nos unir, aparece tal proposta de  discussão, na esperança  de que vamos desistir de ser sindicato próprio.  Por favor, não temos “complexo de vira-lata”!   Este tipo de discussão neste momento tão crucial, só trará animosidades, cizânia entre colegas, nos  enfraquecendo ainda mais e, assim, fortaceler o patrão, ou seja, o governo.  Mencionei sobre isso na última reunião do Conselho de Representantes (CR), da APUFSC-Sindical e disse, inclusive, para não discutirmos tal item de pauta. Mas a diretoria colocou  em pauta tal discussão. Verdade seja dita: independentemente da diretoria desejar a discussão ou não (e não vamos esquecer das propostas da diretoria no período de campanha eleitoral) , estava como item de pauta e o CR aprovou a discussão.

Os colegas que fiquem  atentos com a discussão , pois é um “tiro no próprio pé”, e certamente não queremos isso. Temos que dar um basta, afinal, a quem interessa a discussão? Se não apenas o Andes ou o PROIFES, que só  ganharão com nossa  eventual  filiação (cruzes)? Aceitaremos mais este engodo? Não vemos problema nenhum em perder a Carta Sindical, conquistada com tanto trabalho e dedicação de nossos colegas?  Não vemos problema nenhum em abrir mão de ser sindicato próprio para ser uma seção submissa de outro sindicato, com pretexto deste ser nacional? A carta sindical não é só um “pedaço de papel que nada vale”, como tentam insinuar alguns colegas. Se nada vale, então qual a razão da Carta Sindical ter sido ferrenhamente disputada pelos sindicatos  nacionais , inclusive na Justiça, para obte-la?  Portanto, dizer que a carta nada vale, é pura “balela” de alguns  com segundas intenções! Mais uma vez,  que os colegas fiquem atentos!  Espero que os colegas tenham entendido  o significado da importância  de um sindicato ter a Carta Sindical: somente com  a Carta é que há a contrapartida  governamentel  com a contribuição financeira para os sindicatos. E envolve milhões de Reais anuais que são enviados. Só dois sindicatos ganharam mais de cem milhões de Reais no ano passado (bem mais de cem). Quem não tem interesse em abocanhar este quinhão se o valor repassado é  calculado  proporcionalmente ao número de filiados?  Andes e PROIFES só teriam a ganhar com nossa filiação, assim não é novidade para ninguém tal interesse…há muito a ganhar.  Ganhariam em número de sindicalizados, como ganhariam financeiramente duplamente, através  de remessas mensais  do nosso sindicato, APUFSC-Sindical, e através da contrapartida governamental  aos sindicatos como escrevi acima. Lembro aos colegas  que  em 2011, na gestão do prof. Mussi como presidente da APUFSC-Sindical,  nós abrimos  mão da contrapartida  financeira do governo e ficamos apenas com as mensalidase dos associados, além de alterarmos  a mensalidade que passou de 1% para 0,6%.

Agora vamos comentar brevemente sobre os  sindicatos nacionais, Andes e PROIFES.

O  Andes.  Teve uma importância ímpar na defesa  dos docentes nos primeiros anos de existência, e isso ninguém poderá negar. Mas posteriormente se afastou  das prioridades/objetivos iniciais que motivaram sua criação, para fazer política partidária. Ai estragaram tudo:  união a sindicatos gerais nacionais ligados a partidos políticos, inicialmente à Central Única dos Trabalhadores-CUT, que tinha como braço político o PT. Posteriormente  mudaram e passaram para o Conlutas, que tinha partidos políticos PSOL, PSTU. Sem contar as brigas percebidas por muitos colegas já na reunião do  CONAD, em Minas Gerais, no ano de 1984. Briga esta que envolvia  interesses  de grupos simpatizantes do PT, que estavam no controle,  e PCB , entre outros,  que queriam o controle do sindicato. Abaixo comento algumas atitudes  do Andes que, acredito, os colegas devem levar em consideração:

a) Este sindicato foi o grande responsável pelo enfraquecimento do movimento docente devido aos posicionamentos que teve e continuam até hoje. O tempo passa mas continuam sem fazer  uma avaliação crítica sobre os métodos de luta usados na defesa da categoria, sempre o mesmo tipo de pressão, que a sociedade está  cansada de saber e não concorda.  Ajudam, inclusive,  o  governo atual, pois este se sente encorajado para propor  mudanças que nos prejudicará ou prejudica, como já vem acontecendo, sabendo que possui respaldo da sociedade para propor tais mudanças.   

b) Colegam que defendem o Andes publicam textos onde dizem  que são pela pluraridade de ideias, etc.
É mesmo?  Então vejamos:  No estatuto (regimento) do Andes , no artigo que trata da desfiliação de seção- sindical, diz que a desfiliação só poderá ocorrer por decisão de assembléia  convocada para tal finalidade, tendo como pauta, a desfiliação. Quando nos desfiliamos, fazendo todo o rito conforme o estatuto,  imediatamente o Andes entrou na Justiça para impedir a desfiliação. Que interessante! E pior, vários colegas trataram  imediatamente de se desfiliarem da APUFSC-Sindical, o que seria até compreensível naquela hora , por causa do momento  vivenciado.  Mas o que dizer dos colegas que ficaram tanto tempo desligados e só no ano passado e neste,  vários colegas voltaram  a se filiar à APUFSC?  Bem, está aí o significado da pluralidade de idéias que dizem ter….

c)  Outras universidades federais, todas, sem exceçção, que se desfiliaram do Andes, sofreram igualmente ações Judiciais por parte do Andes, sempre  objetivando impedir a desfiliação.

d) Só agora, desde o ano de 2008 quando nos desfiliamos e o Andes  sempre recorrendo à Justiça para impedir, é que a Justiça deu por encerrado, em definitivo, as  pretenções deste sindicato contra a APUFSC-Sindical.  E exatamente agora  os colegas  filiados à APUFSC-Sindical  vão discutir filiação a algum sindicato nacional?  Incluindo o Andes?  Como disse no título deste texto:  não temos “complexo de vira-lata”. 

e) O discurso da pluralidade de idéias é bem bonito, isso concordo, porém  pluralidade significa aceitar ideias adversas. Oras, percebemos que isso só se aplica  se as ideias são as mesmas, caso contrário, não. Dúvidas? É só ver as atitudes dos colegas  explicitados acima, nos itens b), c) e d).  Portanto, mais um argumento  que se identifica como “balela”.

O PROIFES.  A discussão sobre o PROIFES deve ser bastante cautelosa. Em ambas, na minha opinião, nenhuma  interessa.  Tem o PROIFES FEDERAÇÃO e o PROIFES SINDICATO. Qual discussão querem fazer? Não entendi ainda. Os comentários publicados não mencionam isso, dando impressão que nem sabem da existência deles. No  PROIFES FEDERAÇÃO  qualquer  colega pode se filiar, independentemente de ser ou não filiado a algum sindicato. No  PROIFES SINDICATO  o nome já diz tudo. Se por algum descuido nosso  nos filiarmos nele, então teremos, como no Andes, de desistir da Carta Sindical(?), tão arduamente conquistada.  

O PROIFES foi criado em 2004, inicialmente como PROIFES FÓRUM.  Passaram a ter três PROIFES distintos: a) PROIFES-FÓRUM, b) PROIFES-FEDERAÇÃO e c) PROIFES-SINDICATO. Seus idealizadores, em anos anteriores, eram da diretoria do Andes. Em eleição posterior, ainda no Andes, perderam para grupo de oposição. O que fizeram?  “Democraticamente”  se empenharam na criação  de outro sindicato, que terminou com os PROIFES  que conhecemos hoje: PROIFES-FEDERAÇÃO e PROIFES-SINDICATO. Mas é verdade que isso só foi possível por causa das estratégias políticas usadas pelo Andes, que irritaram muitos colegas Brasil afora.

Ser democrático, aceitar a pluralidade de idéias é mesmo discurso muito bonito. Vemos a prova de colegas auto-denominados de democráticos todo instante. No caso do PROIFES, até hoje, temos os mesmos idealizadores nas diretorias, mesmo depois de passados todos estes  anos.

Colegas, claro que há muitos fatos  que podem ser lembrados  aqui, mas seria texto extremamente longo, então apresento apenas os principais para justificar a razão de querer continuar apoiando a nossa APUFSC-Sindical e tentar  mostrar aos colegas que tenho razão neste apoio. Espero que os colegas percebam a importância de continuarmos sendo sindicato autônomo e independente.

Alguns colegas que defendem o Andes ou o PROIFES, dizem com frequência que, estando como estamos, isolados, não temos força nenhuma porque não temos acento na mesa de negociação com o governo. Nossa, nunca ouvi desculpa tão “esfarrapada”, uma outra “balela” dita.  Acento na mesa de negociação como fez e faz até hoje o Andes? Sempre sentou a diretoria…quando sentou! Pois costuma apresentar as reivindicações e se retirar das negociações com o governo, ou nem se apresenta, como tem acontecido nos últimos dez anos ou mais. O Andes tinha mais de sessenta seções sindicais. Quem sentou nas mesas de negociação?  Todos os representantes das seções?  Claro que não, isso jamais aconteceu. Então temos aqui a confirmação de como o argumento não passa mesmo de pura “balela”….além de mentiroso, tentando confundir  colegas geralmente alheios à política sindical. E o PROIFES? Quem senta? Que diferença tem do Andes? Só sentam para negociar os mesmos dirigentes de sempre. O nosso sindicato, com o colega Mussi, sentou uma vez, e é verdade que foi por causa  do PROIFES, que o convidou para acompanhar as negociações. Mas não tinha poder de voto e nem de voz, era só para observar. Mas era interesse dos membros do PROIFES tal convite, na tentativa de cativar a APUFSC -Sindical, nada mais. E o PROIFES estava ligado à CUT, não esqueçam isso, além do governo ser petista.

Lembro ainda aos colegas que, numa eventual desfiliação, o Estatuto da APUFSC-Sindical terá que ser refeito, e terá que ser convocada uma assembléia para isso, observando  todo o rito previsto no atual regimento.

Enfatizo veementemente que na assembléia  podemos simplesmente dar um basta nesta discussão, bastando propor, para votação, a retirada de tal assunto  da pauta. Simples assim.

Bem, finalizo  o texto escrevendo abaixo um resumo sobre os sindicatos, que expressam, até o momento,  o que penso deles enquanto permanecem com as mesmas estratégias políticas, que tantos estragos trazem à categoria:

Andes: que  Andes sozinha

PROIFES: PROINFERNO

APUFSC-Sindical:  que tenha motivação, disposição combativa, principalmente que faça política universitária e não política partidária, sempre  na defesa de seus sindicalizados  para nos fortalecer…..e  até para  justificar a defesa  que fiz  da APUFSC-Sindical neste texto.  

Obrigado pela atenção.

Professor do Departamento de Física-UFSC