Após MEC incentivar denúncias, professor passa a ser ameaçado em Maceió

Professor do Instituto Federal de Alagoas  recebe ameaças via redes sociais após ser gravado defendendo a luta contra cortes na Educação

Na última quinta-feira (30), o Ministério da Educação divulgou nota em que desautoriza pais, alunos e professores a estimularem e divulgarem protestos em horário de aula. Desde então, Wanderlan Porto, professor há 21 anos, doutor em filosofia e professor do Instituto Federal de Alagoas (Ifal) está sofrendo uma série de ameaças.

As intimidações começaram após a divulgação de um vídeo publicado no qual o professor aparece pedindo luta e “ira revolucionária” a estudantes contra o bloqueio de verbas e um eventual fechamento da instituição por falta de recursos. “Disseram que meus dias estão contados”, relata ao UOL.

O vídeo foi gravado durante o intervalo das aulas enquanto o professor fazia uma fala solicitada pelo grêmio estudantil e foi enviado por uma internauta na conta oficial no Twitter do ministro Abraham Weintraub. A divulgação teve inclusive comentários do ministro, “Inacreditável a forma de comunicação”, diz ele em resposta, pedindo que a usuária envie o material à Ouvidoria do MEC.

Em resposta a outro seguidor que pediu a exoneração do professor, Weintraub deixa a entender que isso ocorrerá, mas que levaria tempo. “Primeiro temos de apurar, abrir um PAD etc. Demora um pouco para esse ‘servidor’ ser exonerado. Porém, abrir um PAD já assusta muito essa turma de ‘corajosos’ que usa crianças e menores de idade como bucha de canhão”, afirma.

Em entrevista ao UOL, Porto conta que a primeira ameaça que recebeu nomeadamente foi do ministro, que se refere ao professor respondendo um comentário no que o chama de criminoso:  “Ele [o ministro] se refere a minha pessoa como ‘elemento’. Posteriormente, alguém na linha do tempo brada: ‘Exonera’. E aí ele diz que sim”.

“Nas minhas redes sociais, vários perfis entram e começam a me agredir, afirmando que, se me encontrarem na rua vão me encher de porrada, que vão me deixar em coma e que meus dias estão contados. É isso que temos vivido de ontem para hoje”, conta. Porto diz que não está indo atrás de comentários feitos fora de suas redes sociais. “Alguns amigos meus estão me informando de outras coisas, mas eu tenho apenas observado o meu perfil mesmo e algumas citações que são feitas a mim”, relata. 

A assessoria de imprensa do Ifal informou que não vai abrir nenhum procedimento administrativo contra o professor por entender que a fala, feita num momento de intervalo das aulas, faz parte da democracia. A instituição disse que a direção do Instituto não vai se posicionar sobre as falas do ministro.

 

Leia a matéria completa: UOL Educação


C.G./L.L.