Demissão de 36 terceirizados da segurança torna UFSC mais “vulnerável”, diz Secretário de Segurança Institucional

Cerca de 35 funcionários da segurança vão ter que dar conta de atender diariamente toda a universidade, incluindo os campi do interior e as fortalezas de Ratones, São José da Ponta Grossa e Praia do Forte

Por conta do bloqueio das verbas de custeio, e como não houve a liberação total do mínimo esperado para pagar as despesas deste mês, a Administração Central da UFSC teve que demitir 95 funcionários terceirizados entre meados de julho e as primeiras semanas de agosto. A informação é do secretário de Planejamento e Orçamento, Vladimir Fey, e foi divulgada ontem durante a Aula Pública sobre Gestão do Orçamento realizada para o curso de Direito da UFSC.

Destes 95 funcionários demitidos, 36 atuavam no setor de segurança. Segundo o Secretário de Segurança Institucional da UFSC, Leandro Luiz de Oliveira, a universidade está mais vulnerável e os trabalhadores sobrecarregados. “O tamanho do local a ser vigiado por um funcionário irá aumentar. E se você diminui as medidas de segurança e o efetivo de pessoal, o risco aumenta”, afirma o secretário.

Até julho a UFSC contava com 195 funcionários terceirizados na segurança, além de outros 33 agentes de segurança concursados. Para manter as contas em dia, a universidade precisou desligar 25 vigilantes e 11 porteiros, e o número de terceirizados passou para 159. Porém, salienta Oliveira, esses 159 terceirizados não trabalham diariamente, mas são divididos em escalas de serviço de modo que, a cada dia, em torno de 35 profissionais da segurança vão ter que dar conta de atuar na universidade inteira.

Isso significa atender aos dois campi de Florianópolis, na Trindade e no CCA, Blumenau, Joinville, Araranguá e Curitibanos, além da moradia estudantil, da fazenda experimental da Ressacada, do Parque Cidade das Abelhas, do Prédio da SEAD e TV UFSC, e ainda, das Fortalezas de Ratones, São José da Ponta Grossa e Praia do Forte/Jurerê.

Estima-se que comunidade acadêmica seja de 70 mil pessoas, entre docentes, técnicos-administrativos em Educação e estudantes de graduação, pós-graduação, ensino médio, fundamental e básico.

“Por causa das demissões nós tivemos uma perda de quase 10 pessoas por plantão. É uma perda muito significativa que aumenta o risco de prejuízo para a UFSC e para a comunidade universitária”, afirma o secretário.

Impacto social

“Tivemos 36 profissionais demitidos. São 36 famílias que perderam o emprego. Então não é apenas a questão da proteção de patrimônio público, é também a geração de desemprego”, observa o secretário. “Também tem o pessoal da limpeza, o pessoal de jardinagem. O reflexo é grande porque a universidade não tem outro lugar para cortar despesas”, acrescenta.

Terceirização já tinha prejudicado a segurança

As demissões dos agentes terceirizados agrava ainda mais a situação da segurança na UFSC, que já vem sendo gradativamente afetada à medida que os agentes concursados se aposentam, avalia Oliveira. Em 1994, quando o último concurso foi realizado, com a contratação de 220 agentes , o serviço de segurança da UFSC passou a ser terceirizado. Hoje, os últimos 33 agentes concursados atuam na central de segurança para coordenar as atividades da Secretaria de Segurança Institucional (SSI).

O problema, aponta Oliveira, é que os terceirizados têm atuação limitada em relação aos concursados. Enquanto os agentes concursados podem atender ocorrências, investigar anormalidades e se deslocar com viaturas da própria universidade, os terceirizados podem apenas registrar as anormalidades, comunicar ocorrências à central de segurança e fazer rondas. Ou seja, os terceirizados não podem substituir e desempenhar as mesmas atividades dos agentes concursados.

As ocorrências mais comuns são furtos de bicicletas, celulares e mochilas, informa Oliveira. Caso ocorram situações mais graves, como assaltos a caixas eletrônicos – a UFSC possui quatro agências bancárias no campus – , a Secretaria de Segurança Institucional (SSI) deve agir em conjunto com a Polícia Militar.

Apenas os agentes concursados têm atribuição de fazer flagrantes. Os terceirizados apenas comunicam o ocorrido e, então, a central de segurança é acionada, explica o secretário.

Caso não haja flagrante, o procedimento é de busca de imagens nas câmeras de monitoramento. Quando a ocorrência envolve patrimônio público, a competência é da Polícia Federal, que faz a perícia e abre inquérito para começar a investigação. Se o patrimônio é de terceiros, a competência é da Polícia Civil. Após acionar a polícia, a Secretaria de Segurança da UFSC não participa mais das investigações e apenas recebe informações do andamento dos casos.

Manoela Bonaldo