RU vai atender apenas alunos isentos a partir de setembro

Com a medida, cerca de 10 mil estudantes que hoje pagam R$ 1,5 por refeição serão barrados no restaurante ​

A partir do dia 15 de setembro, apenas os estudantes isentos poderão fazer suas refeições no Restaurante Universitário da UFSC. A medida foi anunciada na tarde desta quinta-feira pelo secretário de Planejamento e Orçamento, Vladimir Fey, como parte do nova rodada de cortes que será feita pela reitoria para manter o funcionamento da instituição até outubro. 

A expectativa de Fey é que haja um desbloqueio de recursos por parte do Ministério da Educação nas primeiras semanas de setembro e, se isso se confirmar, o conjunto de medidas, que inclui o cancelamento da Sepex, deve ser revisto. Com os novos cortes, a UFSC espera reduzir o orçamento mensal em mais R$ 1,8 milhão. Além do RU e da Sepex, a lista conta ainda com outras três medidas que não foram anunciadas hoje e só serão conhecidas na reunião do Conselho Universitário na próxima terça-feira (3).

Na manhã de terça-feira (27), o Pró Reitor de Assuntos Estudantis Pedro Luiz Manique Barreto se reuniu com representantes da Apufsc, do Sintufsc e do DCE para antecipar os planos da reitoria para garantir a conclusão do semestre. Na ocasião, os sindicatos pediram que a reitoria organizasse uma reunião aberta para esclarecer a comunidade universitária as medidas. A reunião mobilizou centenas de estudantes, professores e técnicos e teve de ser transferida do auditório do CCE para o EFI. 

O reitor Ubaldo Balthazar também estava presente e, sobre os cortes, disse apenas, após a apresentação do secretário sobre a crise orçamentária que “tudo o que o Vladimir falou, eu assino embaixo”. 

A medida de maior impacto é a que diz respeito ao Restaurante Universitário, que atende cerca de 15 mil pessoas por dia em todos os campi  e custa em torno de R$ 2 milhões por mês para a universidade. A partir de  15 de setembro, a UFSC vai  oferecer as refeições apenas aos estudantes que são isentos, por suas condições socioeconômicas. Hoje, dos 5,2 mil estudantes que têm direito de comer de graça no RU, cerca de 3,5 mil frequentam o restaurante diariamente.  A restrição, portanto, afetaria diretamente os cerca de 10 mil estudantes, que hoje pagam R$ 1,50 por refeição. Servidores da UFSC pagam R$ 2,90 e representam apenas 2% dos frequentadores. 

Na reunião de terça-feira, os representantes das entidades questionaram Barreto sobre alternativas que não tivessem tanto impacto sobre os estudantes e sugeriram a cobrança, ao menos temporária, do preço de custo para o grupo que não tem isenção. Esse valor varia de acordo com o campus, porque os contratos dos restaurantes são diferentes, mas a média entre eles é de R$ 10,50. Essa proposta, no entanto, não foi acolhida pela reitoria. 

No últimos dois meses, o Restaurante Universitário já havia sido alvo de cortes. Dos 106 funcionários terceirizados, 14 foram demitidos após renegociação do contrato com a Orbenk, empresa responsável pela contratação dos cozinheiros. O cardápio também foi alterado, para ficar mais barato. 

Tirando o gasto com funcionários dos restaurantes do campus Trindade e do Centro de Ciências Agrárias (CCA), que é da ordem de R$ 500 mil por mês, o custo por refeição, considerando apenas o valor dos alimentos, está em R$ 2,85. Era de R$ 3,47 no mês passado. Gastos com água e luz não estão incluídos nessa cifra. 

Orçamento 

A primeira rodada de contenção de gastos na UFSC levou a uma redução de um R$ 1,2 milhão no orçamento mensal da universidade. Com as novas medidas, que cortam R$ 1,8 milhão, a administração pretende reduzir os gastos mensais da ordem de R$ 13 milhões para algo entre R$ 9 milhões e R$ 10 milhões. 

Hoje, a UFSC tem a expectativa de liberação por parte do MEC de apenas R$ 17 milhões, o que só seria suficiente para bancar agosto e parte de setembro. Faltariam ainda R$ 31 milhões para garantir a conclusão do semestre. 

O Ministério da Educação bloqueou R$ 43 milhões dos recursos de custeio da universidade, além de emendas parlamentares no valor de R$ 17 milhões, que também foram cortadas.