MEC planeja ações para formação de professores e diretores da Educação Básica

Iniciativas foram anunciadas pelo Secretário de Educação Básica no evento Educação 360 

O Ministério da Educação (MEC) planeja duas ações voltadas para a formação de professores e a gestão de escolas no país, de acordo o secretário de Educação Básica, Janio Endo Macedo. As propostas foram apresentadas ontem (16) pelo secretário durante o Educação 360 Encontro Internacional , na Cidade das Artes.

A primeira é o “Forma Brasil Docente”, que deve funcionar como uma base federal para formação de professores. O programa vai incorporar as demandas surgidas com a Base Nacional Curricular Comum (BNCC) , documento que define as diretrizes para os currículos da educação básica, e também as alterações nas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) da formação docente, atualmente em discussão no Conselho Nacional de Educação (CNE).

A segunda iniciativa é o “Forma Brasil Gestor”, que vai propor uma matriz de competências a ser seguida para conferir certificados de excelência a diretores. O objetivo é indicar aos gestores estaduais e municipais quem são os melhores quadros para comandar as unidades escolares. O ministério não vai impor, entretanto, a necessidade da certificação como requisito para exercer cargos de direção. A iniciativa é uma tentativa de, nas palavras de Macedo, incentivar que a escolha leve em conta aspectos “meritocráticos”.

O debate sobre as mudanças na formação docente vem desde o final do ano passado, quando o então ministro da Educação, Rossieli Soares, entregou ao CNE uma base nacional para a formação de professores. Junto com o colegiado, a nova gestão do MEC analisou o documento e começou a construir um texto que vai levar em consideração as mudanças já em curso nas DCNs e as demandas da BNCC. Macedo explicou que a intenção é aprovar esse documento ainda neste ano e escolher municípios-piloto para iniciar a implementação das novas metodologias de formação.

Para Macedo, a formação de docentes é importante para melhorar os índices de aprendizagem dos brasileiros. Ele destacou que a produtividade no país não tem crescido devido à falta de uma educação eficiente.

“Não temos estratégia adequada de formação de professores, isso faz com que o jovem não se interesse. A maioria faz curso à distância, temos estudantes mal formados no ensino médio que vão fazer licenciatura e dar aula”,  analisou o secretário.

Martin Carnoy , professor da Escola de Educação da Universidade Stanford, discordou. Para Carnoy, o problema principal não está no recrutamento dos jovens para a carreira, mas na formação que eles recebem — o que exige investimento. Neste ano, o MEC foi a pasta que sofreu o maior contingenciamento de recursos no governo federal.

“Os bons professores não nascem assim, eles são amplamente formados. Para formá-los é preciso um grande nível de competência no assunto, além de saber como ensinar determinada disciplina. Tudo reúne teoria e prática dentro do sistema de ensino”, apontou. “Precisamos treiná-los antes que entrem nas salas de aula, e não depois.”

Leia: O Globo