A conjuntura influi na participação docente?

“As lições da história não podem ser ignoradas”.

O cenário político desenha uma conjuntura complexa e difícil para se avaliar uma posição de confronto com o desgoverno truculento que não dialoga e nem se propõe abrir negociação com os representantes das universidades públicas (ANDIFES) para discutir cortes orçamentários, cortes de bolsas de pesquisa e pós-graduação, bem como investimentos em Ciência, Tecnologia e Inovação para o desenvolvimento de novos conhecimentos em biotecnologia.

A conjuntura influi na decisão de participação docente em greves? Segundo a história do movimento docente, pode-se constatar que sim, influi e muito, considerando os quarenta anos de lutas onde passados ao menos dez presidentes, da época do regime militar, passando pela redemocratização, governo democrático-popular e com o retorno dos liberais-milicianos.

O questionamento precisa de uma reflexão profunda e criteriosa, diante do nível de complexidade na atual situação sócio-política-econômica, que requer considerar uma série de fatores objetivos e subjetivos, bem como políticos e históricos. No meu entender, o que está em jogo, atualmente é a democracia, pois o respeito às instituições e o cumprimento de leis vem sendo sistematicamente motivo de ataques por parte de autoridades federais (família BolsoNero), estaduais (governador do RJ) e municipais (prefeitos de SP e RJ).

Neste contexto, penso que nesses quarenta anos de participação do movimento docente em que a APUFSC inicia em 1979, tendo à frente da diretoria o Prof. Osvaldo de Oliveira Maciel (in memoriam) eleito pela chapa “Luta e Independência” e agora em 2019 da chapa “APUFSC de Lutas” com uma diretoria sob a presidência do Prof. Carlos Alberto Marques (Bebeto) retoma de forma firme, equilibrada, respeitando o estatuto em vigor, o movimento docente participativo, realizando Assembleias Gerais Extraordinárias para a categoria se posicionar em votação online para poder decidir paralisação/greve por tempo indeterminado ou não, garantindo assim que os docentes possam aderir, individualmente, em defesa dos interesses da educação pública e de qualidade, com a manutenção das conquistas adquiridas até o momento.

Foram mais de quinze (15) greves/paralisações nesses quarenta (40) anos. Algumas assembleias maciças enquanto outras esvaziadas, de acordo com a conjuntura do momento.  Assembleias, onde um pequeno grupo militante decidia pela grande maioria ausente, levaram ao desgaste, culminando em 2009 com a desfiliação da APUFSC da entidade nacional ANDES. Hoje, percebo que, mesmo tendo o processo de votação online com ampla participação da “maioria silenciosa”, temos confrontos e desgastes que ao invés de ajudar para o movimento ter unidade de ação, fragiliza e tende a querer aprovar encaminhamentos dissociados do pensamento da maioria.

Muitas posições extremas circunstanciais, de acusação, ataques descabidos, achincalhe, denuncismo barato e bordões ultrapassados, somente ajudam aos adversários da defesa das instituições públicas.

Precisamos somar ao movimento nacional das entidades que organizam mobilizações para mostrar a insatisfação da comunidade universitária quanto ao tratamento dispensado, de corte de verbas e bolsas, da biodiversidade na Amazônia, corte de verbas para a saúde pública,….

Nossa participação na Assembleia Geral Extraordinária convocada para esta terça-feira (24 de setembro) às 14h no Auditório Garapuvu  (Centro de Eventos) é fundamental, pois precisamos legitimar, com a votação online, a decisão do Conselho de Representantes do dia 20/09 e a diretoria da entidade que se propõe assumir os temas e ações urgentes delineadas em seu programa de ação.

Dias 2 e 3 de outubro, vamos participar da paralisação nacional em defesa da educação pública!

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Professor do Departamento de Informática e Estatística (INE/CTC)