Zebras Gordas? Menos de 3% dos professores das federais estão no topo da carreira

Depois de aprovar a reforma da Previdência, o governo Bolsonaro está empenhado em colocar de pé a reforma Administrativa, que tem como alvo, novamente, o funcionalismo público. A estratégia para obter apoio da sociedade tem sido propagar a ideia de que todos os servidores públicos são privilegiados, trabalham pouco e recebem salários estratosféricos. Os professores das federais já foram chamados até de “zebras gordas”, porque, segundo o ministro da educação, Abraham Weintraub, chegam a receber R$ 20 mil por mês para dar apenas oito horas de aula por semana. 

Além de atribuir aos professores universitários uma imagem errada do seu trabalho, a fala do ministro ignora dados importantes sobre a carreira dos docentes das federais. Um estudo do Banco Mundial revela que apenas 2,9% dos professores de ensino superior no Brasil alcançam o último nível da carreira, sendo necessários, em média, 25 anos de serviço para chegar ao topo. 

Em contrapartida, nas carreiras jurídicas, que incluem advogados da União e procuradores, 78% dos servidores recebem o teto. O tempo médio para se alcançar essa posição é bem inferior ao dos professores: apenas 10 anos.  Só no final da carreira, com um doutorado no currículo, alguns docentes conseguem conquistar o salário de professor titular, que equivale ao que um juiz, promotor ou delegado federal recebem de entrada, tendo apenas a graduação. 

A reforma administrativa, que é a nova bandeira do governo Bolsonaro, não leva nada disso em conta e trata todos os servidores como marajás. “A generalização do pensamento de que o servidor público é privilegiado é um grave desserviço”, disse recentemente o secretário-geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), Sérgio Ronaldo da Silva.

O projeto do governo para reestruturar o funcionalismo prevê redução de salários iniciais, progressão de carreira atrelada a desempenho e fim da estabilidade para facilitar demissão em casos de baixa produtividade – o que é criticado até por economistas liberais que consideram a estabilidade uma defesa contra a perseguição política.

Imprensa Apufsc