Após MEC encerrar contrato, aumenta audiência da TV Escola e da TV INES

“Tem coisa melhor a fazer com esse dinheiro”, declarou o ministro da Educação em dezembro

O fim do contrato do Ministério da Educação (MEC) com a Associação de Comunicação Educativa Roquette Pinto (Acerp) não vai sepultar a TV Escola e nem interromper a transmissão da TV INES, única emissora para surdos do Brasil, com programação 100% em Libras (Língua Brasileira de Sinais), legendas e locução.

Na verdade, a crise gerada pelo abrupto rompimento da parceria e pelas declarações do ministro da Educação – “tem coisa melhor a fazer com esse dinheiro”, escreveu Abraham Weintraub no Twitter – lançaram luz sobre os dois projetos, informa o Estadão. Desde dezembro do ano passado, segundo Francisco Câmpera, diretor-geral da Acerp, a audiência das plataformas digitais das emissoras cresceu 4.000%.

“Na TV INES, a entrevista com a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, publicada em abril do ano passado, já alcançou 20 milhões pessoas”, celebra o diretor da Acerp.

Francisco Câmpera afirmou que já recebeu propostas de outras empresas de audiovisual interessadas na TV Escola. Em 2019, o orçamento planejado para a emissora durante todo o ano era de R$ 70 milhões. Em abril, o ministro Weintraub cortou R$ 30 milhões desses recursos, mas “toda a programação prevista foi cumprida”, comentou o diretor. Apenas para comparar, a TV Brasil, comandada pelo governo, tem orçamento de R$ 600 milhões ao ano.

Para a TV INES, no ar desde abril de 2013, o orçamento anual chega a R$ 9 milhões, dinheiro destinado pelo MEC ao Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES) que, por sua vez, repassa o valor à Acerp. Em novembro do ano passado, a concorrência pública para a Associação Roquette Pinto fazer a gestão da emissora foi renovada.

“Fortalecemos a TV INES. Ela era o ‘patinho feio’ dos projetos, não tinha equipe própria. Nem na reunião de pauta havia a participação de pessoas surdas”, conta Câmpera. “Dei um ano para todos os funcionários do INES aprenderem Libras”, ressaltou o gestor.

Ele assumiu a direção da Acerp em 18 de fevereiro de 2019 e contratou a PwC Brasil para auditar os últimos quatros anos de gestão.

Entre as metas para 2020 está a inclusão obrigatória da TV INES na lista de programação das operadoras à cabo. De acordo com Francisco Câmpera, um projeto de lei com essa finalidade está em construção e o tema tem sido debatido com a ministra Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos), que também responde pelas ações da Secretaria Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, comandada pela professora Priscilla Gaspar, primeira pessoa surda a ocupar um cargo no segundo escalão do governo federal.

Vereza

Na última sexta-feira (10), o ator e diretor Carlos Vereza, que comanda um programa de entrevistas na TV Escola, participou de uma reunião em Brasília com o ministro da Educação. Segundo reportagem do Estado, o artista recebeu pessoalmente do ministro Abraham Weintraub a notícia de que o MEC não renovará o contrato com a Acerp, que gere a TV Escola desde a fundação em 1996. Apoiador de Bolsonaro, Vereza saiu desolado. “Fiz de tudo para convencê-lo mas só ouvi argumentos burocráticos para acabar com uma TV de baixo custo”, contou ao jornal.

Leia na íntegra: Estadão