Pesquisa pública: cientistas da USP sequenciam genoma do coronavírus dois dias após 1º caso

Em média, no resto do mundo, os grupos de pesquisa estão levando cerca de 15 dias para conseguir fazer o sequenciamento

Em apenas 48 horas desde a confirmação do primeiro caso brasileiro de infecção pelo novo coronavírus, pesquisadores brasileiros conseguiram sequenciar o genoma do coronavírus que chegou ao País. 

O trabalho foi conduzido por cientistas do Instituto Adolfo Lutz (IAL) e do Instituto de Medicina Tropical da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (IMT-USP), ambas instituições públicas, com o apoio da Universidade de Oxford. Eles fazem parte de um projeto chamado Cadde, apoiado pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e pelo Medical Research Centers, do Reino Unido, que desenvolve novas técnicas para monitorar epidemias em tempo real.

“Em média, os países estão conseguindo fazer o sequenciamento em 15 dias. Queríamos fazer em 24 horas, bater o recorde, mas não funcionou tudo (no processo). Fizemos em 48 horas, como o Instituto Pasteur (na França)”, contou à BBC News Brasil a pesquisadora e professora do IMT-USP Ester Cerdeira Sabino.

“Nas epidemias anteriores, como da Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars) ou da Respiratória do Oriente Médio (Mers), você até sequenciava (o vírus), mas só tinha o dado alguns meses depois. Hoje, estamos conseguindo fazer o sequenciamento em tempo real, enquanto a epidemia acontece”, aponta, atribuindo a rapidez a um barateamento e maior conhecimento das técnicas.

Conhecer os genomas completos do vírus, que recebeu o nome de SARS-CoV-2, nos vários locais onde ele aparece, é importante para compreender como se dá sua dispersão e para detectar mutações que possam alterar a evolução da doença. Isso pode ajudar no desenvolvimento de vacinas e de tratamentos.

A amostra, retirada do paciente de 61 anos de São Paulo, que passou quase duas semanas na região da Lombardia, a mais afetada da Itália, confirma que ela veio da Europa. É geneticamente parecida com a de um genoma sequenciado na Alemanha.

Leia na íntegra: Exame / BBC Brasil