Universidades públicas vão trabalhar em levantamento sobre o contágio no país

Ministério da Saúde vai liberar R$ 12 mi para que as instituições realizem inquérito sorológico para obter amostragem da incidência do coronavírus na população em escala nacional

O estudo de inquérito sorológico que pretende obter a primeira amostragem da incidência da Covid-19 na população brasileira, em escala nacional, deu mais um passo para sair do papel. Nesta segunda (6), foi publicado no Diário Oficial da União o Termo de Execução Descentralizada de Recursos por meio do qual o Ministério da Saúde irá financiar o trabalho com R$ 12 milhões. O órgão firmou o acordo com a Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), no Rio Grande do Sul, que coordenará sua elaboração e condução.

Este recurso será usado na contratação de uma empresa privada que fará a testagem nos 26 estados e no Distrito Federal. A previsão é de que isso ocorra em até uma semana. Num primeiro momento, o Ministério da Saúde chegou a cogitar o uso do IBGE nesta etapa. Porém, a hipótese foi descartada logo em seguida, já que os agentes do instituto não possuem treinamento para recolher amostras de sangue da população. O órgão prometeu apoio logístico.

A pesquisa prevê a realização de testes rápidos em 99.750 domicílios divididos em três rodadas. Separadas por duas semanas, cada uma delas testaria 33.250 indivíduos. A realização em três etapas tem como objetivo observar a evolução da doença, o que ajudará prefeitos, governadores e o próprio governo federal a planejar melhor sua estratégia e saber para onde direcionar recursos de forma mais eficaz.

Inicialmente, a UFPEL avaliava que o inquérito sorológico custaria cerca de R$ 30 milhões. Diante do aporte liberado pelo Ministério da Saúde, o protocolo de atuação foi redesenhado para caber neste orçamento. Além dos R$ 12 milhões, o órgão irá doar os 100 mil kits de testes rápidos.

Embora a coordenação da pesquisa seja da UFPEL, a elaboração do protocolo conta com o trabalho de outras universidades. Entre elas, estão a USP, a Unifesp, a FGV-RJ, a Uerj e a Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre. Outras ainda farão parte do trabalho. Para a realização do inquérito sorológico em todo o país, uma rede nacional de instituições de ensino será formada. Elas serão fundamentais para reunir os testes e apresentar os dados de cada estado.

Uma primeira mostra da eficácia deste trabalho poderá ser avaliada nos próximos dias, quando terá início a  pesquisa em escala estadual. Encomendada pelo Governo do Rio Grande do Sul, ela testará 18 mil pessoas. A diferença em relação ao estudo nacional é a realização de quatro rodadas. A primeira será na quinta e na sexta. O custo de R$ 1 milhão foi bancado por duas empresas do estado e uma do Rio de Janeiro. Já os kits de testes rápidos foram doados pelo Ministério da Saúde.

Fonte: O Globo