Após derrubar indicado a ministro, ala ideológica tenta manter influência no MEC

Enfraquecido após saída de Weintraub, seguidores de Olavo de Carvalho atacaram o convite feito por Bolsonaro a Renato Feder, que desistiu da vaga

A desistência do secretário de educação do Paraná, Renato Feder, de chefiar o Ministério da Educação (MEC) de Jair Bolsonaro trouxe ares de vitória aos chamados olavistas, grupo de seguidores de Olavo de Carvalho.

Em baixa no governo desde a saída de Abraham Weintraub do MEC e isolados após a mudança de tom de Bolsonaro nas últimas duas semanas, o nicho ideológico de apoio ao presidente abriu artilharia contra Feder após ele ser convidado para assumir a pasta.

Os ataques de olavistas ao secretário se acumularam ao longo do fim de semana. No sábado, o site Brasil Sem Medo, bastante popular entre essa militância, publicou um artigo chamando Renato Feder de “ministro ideal para os inimigos do governo” e pediu a Bolsonaro para “refletir melhor” sobre a nomeação.

Os autores relacionam o secretário ao “globalismo” – considerada uma ideologia nefasta pelos seguidores de Olavo – pelo fato de ele ter participado de um evento com o empresário Jorge Paulo Lemann em 2018. Para os olavistas, Lemann seria um disseminador dessas ideias no Brasil.

O texto também menciona o fato de Feder ter doado à campanha de João Doria (PSDB) à Prefeitura de São Paulo em 2016 e de ter despertado simpatia de grupos como o Movimento Brasil Livre (MBL), ambos opositores de Bolsonaro.

“Comando maluco”

O blogueiro Allan dos Santos, dono do site bolsonarista Terça Livre e próximo à família Bolsonaro, compartilhou o texto do Brasil Sem Medo. Ele aproveitou para atacar a ala militar do governo.

De acordo com aliados ouvidos pelo GLOBO, Feder tinha apoio de ministros generais como Walter Braga Betto (Casa Civil) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo).

“O Feder é mais um episódio do Comando Maluco. Ministro Luiz Ramos e Braga Netto conseguiram o impossível: fazer o povo ter pavor das Forças Armadas”, escreveu Allan dos Santos no Twitter.

O youtuber Bernardo Küster engrossou o coro contra a ala militar do governo. Ele compartilhou ontem uma mensagem pedindo a saída imediata de Luiz Eduardo Ramos da Secretaria de Governo. Pouco antes, afirmou que “o currículo de Feder não tem nada alinhado com o governo”.

Os blogueiros Paula Marisa e Enzo Suzin Momenti endossaram a campanha pela rejeição de Feder. Após a desistência do secretário, os deputados federais Otoni de Paula (PSC-RJ) e Carlos Jordy (PSL-RJ) publicaram mensagens no Twitter festejando sua capitulação.

Leia na íntegra: O Globo