Cotado para o MEC, major Vitor Hugo jamais atuou na área de educação

O presidente Jair Bolsonaro considera a possibilidade de nomear para o cargo um nome que já faz parte do governo

O líder do governo na Câmara, deputado Major Vitor Hugo (PSL-GO), foi apontado pelo presidente Jair Bolsonaro,  nesta terça-feira (7), como nome “reserva” para assumir o Ministério da Educação. O cargo está vago desde a breve passagem de cinco dias de Carlos Alberto Decotelli, que saiu antes de tomar posse por irregularidades em seu currículo.

Em entrevista coletiva no final da manhã, Bolsonaro defendeu a indicação do líder do governo para o Ministério da Educação. “Não posso falar (nome) porque o mundo cai na cabeça desse favorito, hoje vou ter mais um contato, um candidato do estado de São Paulo, talvez seja ele, temos como reserva o major Vitor Hugo. É uma pessoa que tem uma capacidade muito grande de organização, em poucos dias estudou o ministério da Educação, mas vão cair em cima dele por ser major do Exército”, disse o presidente.

As inconsistências no currículo de Vitor Hugo podem ser de outra natureza: a falta de experiência na área da educação e como gestor público. Não há registro de que ele tenha sido professor em sua carreira praticamente toda dedicada à atividade militar. Consultor legislativo da própria Câmara, conquistou a última das 17 cadeiras da bancada de Goiás em 2018, embalado pela onda bolsonarista.

Major Vitor tem a confiança do presidente, que destacou sua lealdade a ele ao justificar, em entrevista mais cedo, por que poderia escolhê-lo para o ministério, mesmo não sendo ele da área da educação. A indicação do deputado goiano para a liderança do governo na Câmara, no início do ano passado, pegou os colegas governistas de surpresa, que esperavam alguém com mais experiência e trânsito político para a função. No cargo chegou a ser criticado por companheiros de partido e pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), com quem não tem boa relação, que reclamam de uma eventual falta de articulação de sua parte.

Um dos defensores da nomeação de Vitor Hugo para o ministério é o senador Eduardo Gomes (MDB-TO), líder do governo no Congresso. “Confiança e preparo, capacidade de ouvir lideranças setoriais e sentimento patriótico fazem do líder Major Vitor Hugo um quadro preparado para qualquer missão”, escreveu Eduardo Gomes nas redes sociais na terça-feira (7).

O deputado é bacharel em Ciências Militares pela Academia Militar de Agulhas Negras (Aman) e em direito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Tem mestrado em Operações Militares pela Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO), e especializações em Direito Militar pela Universidade Castelo Branco (UCB), em História Militar pela Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul), e em Ciências Militares pela Escola de Comando Maior do Exército (Eceme).

Ele foi o primeiro colocado no concurso público da Escola Preparatória de Cadetes do Exército (Espcex) e também o primeiro classificado no concurso de ingresso na Aman.

O deputado tem 43 anos, nasceu em Salvador, cresceu em Niterói (RJ) e foi eleito por Goiás com pouco mais de 30 mil votos. Antes de conquistar o mandato, era consultor legislativo na área de segurança pública e defesa nacional, considerado um dos concursos mais difíceis do serviço público.

Embora seja filiado ao PSL, o deputado faz parte da ala da sigla que quer migrar para o Aliança pelo Brasil, partido ainda não oficializado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que Bolsonaro quer fundar.

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