Em Manaus, professores cogitam greve após anúncio do retorno de aulas presenciais

A capital amazonense é a primeira a retomar aulas presenciais

O Governo do Amazonas anunciou, nesta terça-feira, 28, o retorno das aulas presenciais da rede pública estadual de ensino em Manaus, que apresenta uma estabilidade em meio à pandemia do novo coronavírus. Ainda não há uma previsão para volta às aulas no Interior. O Amazonas é o primeiro estado do País a voltar com aulas presenciais na rede pública e instituições privadas.

De acordo com o governador Wilson Lima (PSC) foi realizada uma pesquisa com pais, alunos e professores sobre a necessidade da retomada das aulas presenciais. Dois pontos essenciais contribuíram para decisão do governo estadual: o número de enterros na Capital e a ocupação de leitos nas unidades hospitalares, que tiveram uma redução e apresentam uma estabilidade.

“A gente torce para que eles (números) continuem caindo e (possamos) voltar com a nossa vida à normalidade. É claro que não é um normal que se vivia antes, é um normal que a gente precisa respeitar o distanciamento social; precisa usar máscara e fazer o uso constante do álcool em gel”, explicou o chefe do Executivo.

Sindicato dos docentes ressalta que uma greve não deve ser descartada

O governador Wilson Lima pontuou que o estudo para retomada das aulas foi realizado desde abril junto com a Seduc, o comitê montado para acompanhar a covid-19 e professores da rede estadual. Entretanto, parte dos docentes não concorda com o retorno às salas de aula.

A presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Amazonas (SINTEAM), Ana Cristina Rodrigues, informou que uma assembleia geral será convocada para discutir o assunto e que uma greve não deve ser descartada. “A pandemia não acabou. No domingo, mais uma professora faleceu em decorrência do novo coronavírus. O vírus continua circulando. Mesmo dividindo os alunos, as salas continuam lotadas. Na rede estadual, as turmas têm 50, 60 estudantes. As salas não têm janelas. Como duas pias vão dar conta de higienizar as mãos de centenas de alunos?”, questionou Rodrigues.

Ela confirmou que o Sinteam foi convidado pela Seduc para verificar o plano de retorno às aulas. Mas para o sindicato, o único interesse da secretaria é apenas cumprir prazos para o Ministério da Educação. “O trabalhador foi esquecido dentro desse plano”, apontou.

O retorno das aulas será gradativo

Ensino Médio e a modalidade Educação de Jovens e Adultos (EJA) voltam a partir do próximo dia 10 de agosto. Já o ensino fundamental, a partir do dia 24. Um plano de retorno foi elaborado para garantir a segurança dos estudantes: escolas terão pias para lavar as mãos, álcool para higienização e medidor de temperatura.

Caso algum estudante apresente alguma alteração, ele será encaminhado para casa e terá um acompanhamento junto com os familiares. Além disso, será obrigatório o uso de máscara nas unidades de ensino. As carteiras terão um distanciamento de pelo menos 1,5 metro, e o ensino será híbrido, com aulas presenciais e online.

Segundo o titular da Secretaria de Educação e Desporto (Seduc), Luis Fabian Barbosa, cada turma será dividida em dois grupos, A e B. No grupo A, as aulas presenciais serão às segundas e quartas-feiras; no grupo B, às terças e quintas. Nos dias em que o estudante não estiver em sala, deverá fazer o acompanhamento da transmissão em casa pela televisão ou pelas redes sociais.

Fabian destacou ainda que o Estado vai investir mais de R$ 10 milhões em equipamentos de proteção individual e insumos para prevenção do coronavírus nas escolas. “Dentre os EPIs adquiridos, nós temos um milhão de máscaras. Cada aluno receberá duas. Os alunos de escolas integrais receberão quatro máscaras. Além disso, haverá dispenser de álcool em gel em todas as salas. Fizemos revisão em todas as escolas para garantir que as pias estejam funcionando. Tivemos aquisição de sabonetes líquidos, papel, aventais e luvas para todos na cozinha. Todos os EPIs recomendados foram adquiridos por meio de licitação pública nacional”, explicou em coletiva à imprensa.

A diretora-presidente da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM), Rosemary Costa, informou que a FVS montou um sistema de vigilância para atender qualquer suspeita de covid-19 e interromper, com antecedência, qualquer transmissão no ambiente escolar. “Teremos um sistema monitorando todos os casos que atendem a definição de suspeitos para covid, para que as medidas de isolamento sejam tomadas e nós possamos interromper qualquer transmissão no seio da escola”, disse. A meta do governo estadual é finalizar o ano letivo antes do Natal.

Leia na íntegra: Terra