A missão da universidade aqui e agora (6ª parte)

Rosendo A. Yunes

A competição no mundo e na universidade: Hilaire Belloc, um historiador Frances, católico, tinha ditado conferencias na Universidade de Fordham entre 16/02 e l8/05 de 1937, que logo foram transformadas num livro “The crisis of our civilization” (Belloc H. La crisis de nuestra civilización, Sudamericana Bs>As. 1941) no qual explicava profeticamente: “O conflito entre ricos e pobres, o conflito entre idolatrias nacionais opostas, a falta de patrões comuns…terminam por levar-nos ao inicio do século XX, ao borde do caos, ameaçando sumir aos homens num estado de desconcerto propicio para a destruição da sociedade”.
Considerava que eram dos fatores fundamentais que levaram a esta situação: a usura y a competição predatória. O espiral para o infinito da concentração capitalista, se explica, no tanto, pela Plus valia de Marx, mas fundamentalmente pela usura, como foi demostrado por Pikerty (Pikerty T. “O capital” Intrínsecas, Rio de Janeiro 2014) quis a remuneração do capital chega a exceder a renda e a produção. A riqueza herdada aumenta mais rápido que a meritoriedade do trabalho, somente conservar o capital

A segunda força, que segundo Belloc a Reforma protestante deixo em liberdade, foi a competição ilimitada, sem restrições.
Aqui devemos distinguir que a usura, sempre é um mal em todas partes, a competição é um mal quando ultrapassa certos limites. A competição está dentro da natureza intima da sociedade, enquanto a comunidade inicia a produzir riqueza, segundo as capacidades de cada produtor, a competição aparece necessariamente.
Quando essa competição é exagerada, como a que observamos atualmente entre Estados Unidos e China, inicia a resultar muito perigosa, e pode ser mortal. Esta competição exagerada esta destinada a eliminar os pequenos produtores. Por isto, na idade média, os artesianos das corporações não poderiam formar monopólios, e não poderiam superar certos limites de trabalho que prejudicaram aos outros artesianos.
A competição “predatória” que, em sua voracidade, procura destruir os concorrentes deve ser tratada como uma doença mortal para a dignidade e liberdade humanas.
A competição predatória é fruto de uma atitude individualista, egoísta que tudo o quer para si próprio esquecendo-se de seus irmãos.
Por isto, esta muito relacionada com e meritocracia, com o estrelismo que igualmente observamos em alguns professores de nossas universidades, e assim em sua voracidade, monopolizam verbas, bolsas, e outros recursos não permitindo o crescimento de outros pesquisadores, aos quais deveriam numa universidade comunitária, ajudar a se desenvolver.
Devemos lembrar que a sala de aula é um espaço de formação humana, de convivência e de relações pedagógicas que se destinam ao crescimento, de professor e estudante, a relação de professor e aluno não pode ser eliminada, porque eliminar o dialoga professor-aluno é destruir toda pedagogia.
O professor não pode ser autoritário, ainda que exista sempre uma assimetria. Ele deve estimular os alunos a trabalhar em equipe, a se ajudar entre eles, para fomentar especialmente a fraternidade necessária, tal vez imprescindível, para criar um país melhor, mais humano, mais inclusivo, mais igualitário. Para isto o fundamental é o testemunho. Nada se transmite sem o testemunho de trabalho, dedicação, vocação e ideais de verdade e justiça.
A universidade deve evoluir junto com sua comunidade social.
Um exemplo é a universidade de Purdue, que apresenta um projeto para desenvolver métodos de redução de consumo de água que atualmente é um problema para Fpolis. Na Escola Politécnica da USP, o projeto Poli Cidadã que foi implantado em 2004 envolve alunosde Engenharia em iniciativas integradas com moradores do entorno e com trabalhadores da Cidade Universitária da USP. Isto traz o beneficio de um conhecimento da realidade social, humana, e de suas necessidades básicas.
Para conseguir isto nossa universidade deve diminuir a sobrecarga de trabalho que afeta a estudantes e professores, eliminando o ensino enciclopédico das disciplinas, ensinando somente o mínimo, mas fundamental, necessário para formar um estudante, permitir as atividades extracurriculares e avalia-las conscientemente.
Conclusão: 1ro) se deve eliminar a competição predatória na qual alguns cientistas monopolizam verbas, bolsas, recursos etc. sem deixar crescer a outros cientistas que estão desenvolvendo suas equipes de trabalho.
2do) se deve colocar a universidade em relação com seu meio social-cultural para ajudar a seu desenvolvimento, Neste sentido a universidade deve eliminar a sobrecarga de trabalho que tem tanto alunos como professores, corrigindo o método de educação enciclopédico por outro onde se ensina somente o fundamental e necessário que o aluno deve aprender, outros cientistas que estão desenvolvendo suas equipes de trabalho. Sobrecarregar a memória é inútil.

Rosendo A. Yunes. Professor Aposentado.