Calendário curricular do pólo não será cumprido

Mesmo sem conseguir uma sede própria, o pólo da UFSC vem funcionando de forma improvisada desde setembro do ano passado. Para atender os 52 alunos de matemática e 40 de administração, a universidade alugou uma sala no Colégio Evangélico Pastor Manoel Germano de Miranda, no bairro Nova Brasília. Como os cursos são semi-presenciais, na modalidade a distância, os estudantes não precisam comparecer no colégio todos os dias. Nem poderiam. A única sala alugada fica disponível apenas nas sextas á noite e nos sábados.

“A estrutura é muito precária. Estamos numa sala com apenas seis computadores e 11 cadeiras. Isso para atender 40 pessoas”, desabafa Fernanda Meyer, do curso de matemática. “Para piorar a situação, nesse verão escaldante, não temos nem sequer um ventilador”, acrescenta. Outro problema é a falta de recursos tecnológicos para videoconferência. Enquanto nos outros pólos existe uma interação entre os alunos e os professores, em Joinville ainda não foi possível nenhuma comunicação em tempo real. Resultado: o calendário curricular está atrasado em relação a outras cidades e a duração do curso, prevista para quatro anos, não será cumprida.

Como acontece em outras cidades, o pólo deveria estar aberto e disponível aos alunos todos os dias da semana, para que pudessem fazer encontros, formar grupos de estudo e utilizar o espaço para realizar pesquisas e trabalhos. “Já teve casos em que nós chegamos para estudar e a sala do colégio nem sequer estava aberta, tivemos que ficar esperando do lado de fora”, relembra Fernanda.

 

INSATISFAÇÃO

Segunda ela, com tantas indefinições, a maioria dos acadêmicos já estão desanimados e muitos desistiram das aulas: “Em setembro, quando começou o curso, eram mais de 50. Hoje, comparecem 42, 43 pessoas”.

Insatisfeitos com essa situação, os alunos de matemática enviaram um e-mail para o prefeito Marco Tebaldi pedindo providências em relação ao caso. A nota ressalta que grande parte dos estudantes são professores do ensino público estadual e municipal e que as condições oferecidas atualmente não contribuem para o processo de qualificação da educação, razão principal da existência do pólo: “Nos sentimos enganados por falsas promessa onde a política prevalece, e a educação, tão primordial em nosso país, é esquecida novamente”.

Em resposta a eles, Tebaldi se isentou de qualquer responsabilidade envolvendo o governo municipal. Enfatizou que “quem assumiu a frente dessa bandeira foi o deputado Carlitos Merss e o vereador Marquinhos”, e chegou, inclusive, a questionar a eficiência do ensino a distância. “A Prefeitura de Joinville reconhece a importância do projeto, porém, não tem qualquer compromisso formal com a manutenção do pólo”, alega.

Enquanto os problemas não são resolvidos já se passaram seis meses e os alunos continuam tendo aula em um espaço improvisado, sem oferecer condições de estrutura adequadas para o aprendizado. “Não temos nem biblioteca. Os poucos livros que recebemos foram disponibilizados pelos dois tutores que nos orientam nas aulas”, lamenta Carolina Schmitt, 23, acadêmica de matemática. Ela tem o privilégio de fazer o mesmo curso em uma faculdade particular da cidade e avalia que o problema maior está na parte estrutural. “Quanto à didática, acho que é melhor no pólo do que onde tenho que pagar. Antes de começar tinha certo preconceito em relação ao ensino a distância, mas hoje posso dizer que esse sistema é eficiente e que realmente o aluno aprende, só falta investir em recursos tecnológicos”.

UFSC EM ARAQUARI?

Sem informações sobre o andamento das negociações entre a UFSC e o Banco do Brasil sobre o Casarão Niemeyer, muitos estudantes nem apostam mais na ida do pólo para a região central da cidade, muito pelo contrário: “Ficamos sabendo que e a Escola Agrícola de Araquari já se dispôs a oferecer um espaço para a instalação da unidade”, afirma Fernanda. O que se tornou uma dificuldade para as autoridades da maior cidade do estado, parece não ser nenhum problema para o pequeno município vizinho. “Esperamos que depois de tanta luta para que Joinville recebesse uma nova opção de ensino superior gratuito, esse esforço não tenha sido em vão. O pólo não pode ser transferido para outra cidade da região”, desabafa a acadêmica.