Negociação com a Unimed

Estamos renovando o contrato com a Unimed, o qual terá um reajuste anualizado de 19%. Como nas últimas renovações, nosso contrato com a Unimed se mostra deficitário, sendo que desta vez o déficit nos últimos 12 meses era de R$ 1.730.207,40, o que geraria um reajuste de 21,04% (já incorporando o IGPM), como era a proposta inicial apresentada pela Unimed.

Após duras negociações, a Unimed baixou o índice de reajuste para 19%, assumindo parte do déficit (ou seja, não nos repassará R$ 207.107,55, montante proveniente dos 2,04% de diferença). Nossos contatos iniciais com uma outra operadora de planos de saúde (Agemed, de Joinville), interessada em entrar no mercado de Florianópolis e quebrar o monopólio da Unimed, ajudaram substantivamente nesta negociação.

Além da manutenção do contrato antigo com o reajuste acima, os professores terão também opções de contrato de planos regulados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar, sendo que os que fizerem a migração entre 1º de setembro e 18 de outubro de 2007 terão desconto de 6% sobre o valor das mensalidades. Cabe destacar que permanecerão no plano antigo aqueles que assim preferirem.

Este alto índice de reajuste deriva de vários fatores, mas especialmente de estarmos pagando valores de mensalidades defasados desde 2004. Na renovação em 2005, quando ocorreu por alguns dias a quebra do contrato, a renovação era para ser de 17,7%. Optamos por “comprar” R$ 860 mil do déficit, que foi pago com duas mensalidades a mais por cada associado, reduzindo então o índice de reajuste para 5,37%. Em 2006 fizemos o mesmo, ou seja: o reajuste era para ser de 16,61%, porém ficou em 8,62% pois pagamos R$ 250 mil.

Ora, optar por não reajustar o valor das mensalidades, quando da renovação dos contratos, mas por pagar o déficit, rateando-o entre todos os associados, apenas agiganta a lacuna entre os preços praticados no setor de serviços de saúde privado e as nossas contrapartidas, levando-nos a ficar num patamar totalmente defasado. Obviamente, isto apenas ampliou o déficit ao longo de 2007, levando a agora termos de corrigi-lo acumuladamente.

Este imenso déficit operacional tem várias razões, entre as quais estarmos até agora agarrados à um antigo e defasado plano (Uniplan), anterior à regulação do setor de planos de saúde complementares (implementada a partir de 1998), como se ele fosse incompatível com outras opções, o que não é absolutamente verdadeiro.

Ao invés de possibilitarmos o acesso a um leque maior de opções de planos, como a própria Unimed oferece, especialmente aos planos habilitados e regulados pela Agência Nacional de Saúde, deixando a cada colega o direito de escolher o que mais lhe convém conforme sua situação pessoal/familiar (demanda que transparece nos resultados da pesquisa de opinião publicada no Observatório da Saúde), estávamos negando este direito de escolha para o amplo conjunto de milhares de colegas associados. 

Os planos novos e regulados pela ANS permitem acesso a um amplo rol de modernos e essenciais procedimentos clínicos e hospitalares, incluindo a indispensável atualização tecnológica. A cobertura do plano atual (Uniplan) não é abrangente nem a máxima possível, com importantes limites e restrições quanto procedimentos diagnósticos e terapêuticos (quimioterapia, fisioterapia, diagnósticos por imagem, etc). 

Esses limites e restrições de cobertura do plano antigo criam conflitos inevitáveis. Muitos colegas submetem-se a procedimentos cirúrgicos caros, passando a fatura para a Apufsc, que negocia com a Unimed a remuneração por menor valor possível dentro do sistema Unimed. Historicamente aqui surgiu gigantesca dívida de muitos colegas para com a Apufsc. Durante o mandato da Diretoria anterior surgiram também processos judiciais contra a Unimed, pelos quais ingenuamente buscamos repassar para a operadora o ônus destes procedimentos não cobertos. 

Investir numa perspectiva conflitiva na relação com a Unimed para ter acessos a serviços que o plano que o sindicato escolheu não permite, apenas aumenta os custos coletivos que com todos é dividido, incluindo o salário do advogado por nós contratado. Isto onera nosso plano, e tais despesas aumentam o nosso déficit e, portanto, o reajuste dos preços que pagamos quando da renegociação do contrato. Ora, o princípio básico dum plano de saúde é o mutualismo, ou seja, trata-se de um fundo comum que protege a todos que participam do mesmo. 

Portanto, se alguém tem uma despesa elevada com procedimento que não estava coberto no contrato com a operadora de saúde, e não tiver condições de cobri-la e buscar obter o ressarcimento individual através de processo judicial (com um advogado pago pelo sindicato), esta despesa necessariamente será dividida entre todos. Isto é dar um tiro no próprio pé, e não é solução para um plano de saúde antigo, defasado, com o qual teimosamente insistimos em permanecer e que não faz inúmeras coberturas de serviços médicos essenciais.

Historicamente viemos acumulando problemas neste sempre difícil relacionamento com a Unimed. Nunca administramos de forma técnica e profissional, como cabe num contrato que tangencia 12 milhões de reais/ano e é responsável por seis mil vidas. Nunca investimos na constituição de um núcleo de inteligência, de acompanhamento responsável deste contrato. De um lado sobrava arrogância e onipotência, derivado duma posição monopólica no mercado de planos de saúde de Florianópolis, de outro abundava desconhecimento e amadorismo, além de grande irresponsabilidade histórica. 

Desde que assumimos o sindicato, buscamos a construção de um novo relacionamento com a Unimed, com a qual mantemos um contrato de mais de 20 anos. Parte disto é a parceria para a implantação de um Observatório de Saúde, o qual, juntamente com a Apufsc, realizou uma pesquisa de opinião como parte de uma estratégia para ampliar a participação dos colegas nesta questão. Dela participaram 315 professores!

Em abril passado não efetuamos o reajuste semestral (cláusula em vigor desde 2005), pois era de um primarismo e ingenuidade atroz: qualquer estudante de economia sabe que tal freqüência de reajuste é prejudicial e lesiva a nós que pagamos pelo mesmo, e somente é vantajoso para aqueles que estão na posição de vendedores. Daqui para frente o reajuste volta a ser anual, e estamos zerando o déficit que aumentava a conta da “sinistralidade” a ser paga a cada ano.