Governo deve pedir ilegalidade da greve

Raimundo Colombo diz que vai recorrer à Justiça e poderá substituir os professores que aderiram à paralisação estadualO governo estadual irá pedir na Justiça a ilegalidade da greve dos professores, que completa hoje 35 dias, e poderá substituir os professores que aderiram à paralisação. As afirmações foram feitas pelo governador Raimundo Colombo em uma entrevista oficial, divulgada pela Secretaria de Comunicação Social, onde ele também confirmou o desconto dos dias parados.

Não foi dito quando o pedido de ilegalidade será encaminhado à Justiça. De acordo com a Procuradoria Geral do Estado, o assunto está na pauta, mas sem data definida. Para Colombo, neste momento, medidas mais duras são necessárias.

– Sinceramente, eu não gostaria, porque quero o diálogo. Parece que você está tomando atitude dura contra as pessoas. Mas é para respeitar e apoiar as crianças e as famílias. De forma nenhuma isso deve impedir o diálogo para o futuro – ressaltou.

Ele voltou a pedir a volta às aulas, para o calendário de 200 dias letivos ser normalizado.

Colombo observou que o Estado está cumprindo a lei do piso nacional do magistério e que não teria recursos financeiros para atender as reivindicações dos docentes:

– Se aplicássemos o piso até o teto teríamos um impacto de R$ 100 milhões por mês. A nossa capacidade é de R$ 22 milhões (a mais por mês).

O secretário-adjunto de Educação, Eduardo Deschamps, viaja hoje a Brasília, onde terá uma reunião com o Ministro da Educação, Fernando Haddad, e o Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), para discutir a questão do piso nacional do magistério e do plano de carreira dos docentes.

Os professores parados terão desconto, entre 19 de maio e 10 de junho. Caso haja reposição das aulas, receberão de volta o dinheiro.

A diretora de recursos humanos da Secretaria da Educação, Elizete Mello, disse que não dá para saber o valor do abatimento.

– Depende de quantos dias o professor está parado, dos triênios e da progressão funcional – explicou.

Projeto ainda não chegou na Assembleia

O projeto de lei complementar, que prevê reajuste para os 66 mil professores, ainda não chegou à Assembleia Legislativa, segundo informações da assessoria da AL.

Ele anula a medida provisória, que paga o piso de R$ 1.187 para os 35 mil docentes que ainda não recebiam isso no salário-base – 53% do total.

A ideia é que o salários referentes a junho sejam pagos com os valores propostos pelo projeto de lei.

Apesar de dar aumento salarial para todos os docentes, ele mexe na tabela salarial dos professores e diminui os percentuais da regência de classe, que compõe a remuneração.

Professores acampados na Capital

Um grupo de 50 professores da região de Itajaí ficará acampado até amanhã, na Praça Tancredo Neves, em frente à Assembleia Legislativa, no Centro de Florianópolis. Eles pedem para que os deputados não aprovem o projeto de lei complementar, porque ele não atende as reivindicações deles.

– Esse projeto é contra o nosso plano de carreira – observou o coordenador do comando de greve em Itajaí, Genésio Adolfo.

Os professores ficarão em oito barracas e não sabiam ainda como iriam fazer as refeição e nem onde irão tomar banho.

– Esperamos contar com a ajuda e apoio dos nossos colegas de Florianópolis – falou Genésio.

O professor de Navegantes Eneias Eduardo este protesto representa uma última tentativa de sensibilizar o governo:

– É como se fosse o nosso último grito. Já fizemos inúmeras e não tivemos retorno.

Ontem, professores de Florianópolis fizeram a “Caminhada das Luzes”, no Bairro da Agronômica. Eles saíram da escola Padre Anchieta e caminharam em direção à Casa do Governador.