Em defesa do curso de Relações Internacionais do CSE/UFSC – parte I

O Curso de Relações Internacionais foi criado dentro do Departamento de Economia e Relações Internacionais no contexto do Projeto REUNI, tendo começado formalmente suas atividades em 2009. Contou também com o apoio, frise-se, de outros departamentos da UFSC (História, Direito, Sociologia e Ciência Política, Estatística e Informática e Ciência da Informação). E tal colaboração ainda persiste, efetivamente comprometida com a qualidade do referido curso. Desde sua criação, tem sido o curso mais demandado do CSE nos vestibulares, e tem estado sempre entre os mais procurados da UFSC (relação candidato/vaga geral de 12,79 no vestibular 2013).

O curso tem trazido muita visibilidade para a instituição, principalmente devido à atuação positiva e a participação entusiasmada dos nossos estudantes (como já expusemos) em várias atividades, como a Semana de Direitos Humanos, a Semana de Relações Internacionais, a Simulação de Ensino Médio (SIEM), entre outras. Além disso, nossos estudantes participam de grupos de estudo e pesquisa em funcionamento no curso, fazem intercâmbio no exterior (o que é uma característica importante para a futura atuação profissional) e já estão estagiando em muitas organizações públicas e privadas, tanto no Brasil quanto no exterior. Nossos formandos já foram aprovados em processo de seleção de mestrado e alguns já estão profissionalmente encaminhados em instituições externas à vida universitária.

Apesar de ser um caso de sucesso, o Curso de Relações Internacionais possui várias demandas (explicitadas no Projeto Político Pedagógico do Curso, que foi aprovado pela administração central da UFSC quando de sua criação) ainda não atendidas, que não serão aqui mencionadas.

Aqui, queremos registrar que a UFSC recebeu 150 vagas REUNI no segundo semestre de 2012 e a PROGRAD, por motivos ainda não claramente justificados e também não manifestados por escrito, simplesmente desconsiderou as necessidades do nosso curso . Em outras palavras, o Curso de Relações Internacionais (quer dizer, o Departamento CNM – Economia e Relações Internacionais, principal responsável pelas disciplinas do curso) foi prejudicado na distribuição dessas vagas, apesar de o Departamento de História ter sido contemplado com 01 vaga (para História das Relações Internacionais), atendendo o que já foi firmado, diga-se de passagem, pela Chefia do Departamento CNM e pela Coordenação do Curso de RI.

Assim, queremos mais uma vez enfatizar a lamentável situação, recentemente criada, quando esse Curso REUNI não teve nenhuma vaga destinada de concurso para atender disciplinas código CNM , do Departamento De Economia e Relações Internacionais, que é o principal responsável pela oferta de disciplinas do curso. Embora tenhamos prévia e detalhadamente apresentado e justificado as demandas de contratação docente, específicas para a área de Relações Internacionais, a administração central da UFSC (através da PROGRAD) simplesmente ignorou-as completamente, sequer se manifestando por escrito a respeito das mesmas.

A PROGRAD, na verdade, inventou novos critérios que prejudicaram o curso. Como um Departamento que aderiu ao REUNI, ao criar um curso de alto nível, foi excluído da distribuição de vagas REUNI? Isso, por acaso, ocorreu com outros cursos REUNI? A PROGRAD argumentou que fomos contemplados, ao ser dada uma vaga para o Departamento de História (que é responsável por 08 horas aula no curso) e uma vaga para o Departamento de Ciência da Informação (responsável por 02 horas aula no curso). Ora, sobre a vaga da História, não há nenhum problema. Pelo contrário, está documentado que tanto a chefia do CNM quanto a coordenação já se manifestaram, mais de uma vez, sobre a justeza desse pleito, como já exposto acima. A questão de fundo é que o CNM, repito, principal responsável pela carga horária do curso, não recebeu nenhuma vaga . E isso a despeito da necessidade de contratação de mais docentes com formação específica em relações internacionais , também devidamente documentada e até hoje, infelizmente, não reconhecida formalmente pela atual administração central da UFSC. É lamentável a falta de empenho e o silêncio em cumprir o que está acordado, quando da criação do curso, entre o Departamento de Economia e Relações Internacionais e as instâncias superiores da UFSC. Em outras palavras, o pactuado não está sendo cumprido pela administração central da UFSC, sem nenhuma justificativa formal.

É preciso dizer com todas as letras: O CSE, o Departamento de Economia e Relações Internacionais e, portanto, o Curso de RI, foram simplesmente alijados da distribuição dessas vagas REUNI! O Curso de Relações Internacionais foi nitidamente prejudicado pela atual gestão na distribuição de vagas de concurso REUNI, pois não recebeu nenhuma vaga para contratação de docentes da área de ciência política e relações internacionais . Assim, a atual administração da UFSC está desconsiderando, na prática, o pactuado entre o Departamento de Economia e Relações Internacionais e a UFSC, quando da criação do referido curso . Por que será?

Tanto a Reitoria quanto a PROGRAD foram comunicadas da situação: para a manutenção do padrão de qualidade que estamos construindo no curso, são necessários os 04 concursos para o CNM (e que estão descritos no Projeto Pedagógico aprovado pela própria administração central da UFSC!), para atender adequadamente várias disciplinas nas quais é necessária uma formação específica dos docentes, no campo das Relações Internacionais. Desafortunadamente, até hoje não recebemos nenhuma manifestação formal da administração central da UFSC a respeito do que já solicitamos. A única resposta é o silêncio, por razões ainda desconhecidas, em relação a um curso que está dando bons frutos antes mesmo de formar a primeira turma. Seria o silêncio uma expressão simplesmente do descaso ou de outras motivações que não podem ser reveladas?

A ausência de respostas, infelizmente, faz com que pensemos que o Curso de Relações Internacionais é vítima de um ataque deliberado à qualidade do curso, por conta de uma política deliberada de rebaixamento do padrão de excelência que estamos tentando construir no CSE. É óbvio que é necessário ajudar os departamentos e cursos REUNI e não-REUNI com dificuldade na nossa universidade (e parece que a administração central está fazendo isso através de algo que alguém da PROGRAD chamou de “déficit histórico”, isto é, vagas distribuídas para atender cursos com falta histórica de professores). Mas fazer isso às expensas de um curso que está funcionando bem (e que pode e deve melhorar muito ainda!) é não apenas prejudicar esse curso, o Departamento CNM e o CSE. É rebaixar o padrão UFSC de qualidade. Talvez esse padrão de qualidade seja o que, no fundo, incomode alguns dos gestores de ocasião, mais preocupados, parece, com questiúnculas ideológicas do que com a excelência no ensino. Ora, dado o silêncio sepulcral ainda existente, levanto a hipótese de que alguns adversários históricos do REUNI, que estão na administração central, tenham escolhido um bode expiatório para sua mesquinhez política. E assim prejudicam o Departamento de Economia e Relações Internacionais, evidenciando uma indisposição, sabe-se lá por quais motivos, contra o Centro Sócio-Econômico e nosso departamento, em particular. É isso que chamam de “gestão republicana” e “tratamento isonômico”?

É preciso, contudo, reconhecer o esforço da atual gestão em promover uma “inovação”, pois com menos de um ano à frente da UFSC, conseguiu produzir um novo sentido para a palavra “sequestro”. Conhecemos sequestro de bens, de pessoas e de animais. Agora temos o sequestro de vagas de concurso REUNI . Porque é disso que se trata: sequestraram as vagas legítimas, pactuadas, do Departamento de Economia e Relações Internacionais.

OBSERVAÇÃO: em 26.02.2013, em reunião do Conselho Universitário, entreguei Requerimento à Magnífica Reitora solicitando respostas formais, isto é, por escrito, a respeito do não recebimento das vagas aqui mencionadas. Até a data de hoje, isto é, 12.03.2013, pelo que apurei no CNM, não nos foi enviada nenhuma resposta. Desde o ano passado esperamos por respostas formais aos memorandos enviados para a PROGRAD e Gabinete da Reitoria. Desde o ano passado impera a lei do silêncio. Esperemos a escolha do novo Papa, para ver se algo acontece…

Helton Ricardo Ouriques

Prof. do Departamento de Economia e Relações Internacionais – UFSC