Cadê o Apufsc que estava aqui?

A atual gestão da APUFSC-Sindical, seguindo a postura da última, adotou como forma de agir a fuga à exposição pública, a ausência aos debates pela internet sobre questões de interesse cruciais dos sindicalizados, a impermeabilidade aos chamamentos de seus sócios pelas listas de discussões. Como na velha parábola do macaco, não vê, não ouve, não fala. Estranha maneira de se gerir um sindicato, que nasceu de uma luta democrática por transparência e sintonia com os interesses legítimos dos sindicalizados. Esta postura de avestruz, este encolhimento em uma torre de marfim, impermeável a todos os clamores e à visibilidade, não serve à transparência desejada, pela qual tanto se lutou.

Ao que se sabe, membros da Diretoria, a começar pelo seu presidente, se excluíram propositadamente das listas de discussões, comportando-se como se formassem uma entidade acima e à parte daqueles que deveriam representar. Esta, no meu entender, é uma atitude politicamente suicida. Bancar o avestruz nunca foi política recomendável a quem se propõe dirigir um sindicato democrático, tanto que esta política já fora banida, pelos sindicalizados, juntamente com velha Apufsc, na época dominada pela trupe andesiana.

Eu tenho, privativamente, através de e-mails, advertido o Presidente do APUFSC-Sindical sobre o que se discute nas listas e mostrado o profundo desconforto dos sócios com o silêncio sepulcral da Diretoria sobre temas de extrema relevância (plano de saúde, concursos para docente, por exemplo) que estão na pauta das discussões. O que se passa é muito sério! O que agora chamo de “silêncio sepulcral”, em breve alguém chamará, com razão, de “silêncio cúmplice”.

Dir-se-á, quem sabe, em defesa da Diretoria, que o Apufsc-Sindical  integra a comissão reitoral do plano de saúde. Sim, pelo menos ele (Apufsc-Sindical) está lá como membro. Mas, e o que nos passou até agora? O que faz lá? Que informações, afirmações ou preocupações ouviram-se do nosso suposto representante naquela comissão? A propósito, o sindicato já ouviu seus sócios sobre o que se deseja em termos de plano de saúde? Está ele lá levando que anseios e de quem? Da Diretoria, que se recusa a ler as listas e as opiniões que nela circulam? Por incrível que pareça, a única informação (que nada informa!) veio a público através de uma andesiana histórica e notória, de triste memória por sua pretérita atuação na diretoria da velha e morta Apufsc.

Sim, o Apufsc-Sindical, que representa a esmagadora maioria dos docentes (ativos e aposentados) está na comissão reitoral em pé de igualdade (se tanto!) com a representação de uma meia dúzia de pessoas que compõe a trupe de associados ao Andes-SN em Santa Catarina. E aceita esta posição ultrajante sem um protesto, sem demonstrar (que se saiba) qualquer desconforto com a situação humilhante em que o colocou a comissária reitora.

Não queremos um sindicato burocrático, submisso e dócil ao poder reitoral, que se deixe colocar em qualquer situação subalterna, porque o ridículo do sindicato atinge a todos os associados. Mais: o Andes-SN, como pessoa jurídica, não tem jurisdição em Santa Catarina: é o que diz a Constituição, confirmada em sentença judicial. Nada impede, claro, que alguns camaradas da esquerda jurássica se associem ao Andes-SN. Não se contesta este direito de associação. Como também não se contesta o direito de qualquer docente se associar ao Flamengo, entre outros clubes. Isto, entretanto, não dá ao Flamengo voz e voto para influenciar as coisas na UFSC, através de representação de seus associados por aqui. O mesmo raciocínio se aplica aos sócios do Andes-SN: eles não podem, não tem o direito, enquanto sócios daquele sindicato, de representá-lo para decidir as coisas aqui na UFSC.

Absurdos como esta representação andesiana na comissão reitoral são típicos da comissária reitora, já em si tão magnífica. Ela está se notabilizando (sem surpresas, alias) por trocar os pés pelas mãos em temas vitais para a universidade, como a questão dos concursos para novos docentes e, agora, a questão do plano de saúde.

Mas o pior, o realmente revoltante, é que esta praga andesiana (e o próprio Andes-SN), após ter sido alijada do movimento sindical universitário em Santa Catarina, em memoráveis assembleias de docentes, poderá, por obra e graça deste jogo nojento e forçado de representação, com a aceitação cúmplice e pacífica do Apufsc_Sindical, vir a decidir tirar-nos a UNIMED, que tem sido tão útil para os docentes e suas famílias, e jogar-nos no colo do GEAP (que o Lula e a Dilma evitaram), por razões não técnicas, mas ideológicas. A UNIMED, como se sabe, é uma empresa de capital privado e, como tal, objeto do ódio ideológico do Andes-SN e de seus sócios por aqui. Este sindicato nacional (mas sem jurisdição em Santa Catarina) tem, entre suas múltiplas prioridades, “a apropriação do capital privado para a criação de um estado socialista dirigido pelos trabalhadores.” Daí a se forçar a barra para impedir que a UNIMED participe de uma nova licitação, é só usar os poderes e articulações, na comissão de saúde, conferidos pela camarada reitora ao Andes-SN.

Então fica-se assim: os professores, por sua imensa maioria rejeitaram o Andes-SN, tirando-o de Santa Catarina. Mas a comissária reitora, andesiana de ideologia e coração, e autoritária como convém aos andesianos, resolve fazer o Andes-SN (que aqui não pode atuar) mandar na comissão de saúde. Pior: com a anuência tácita e dócil da diretoria do APUFSC.

Dane-se a lógica.

Danem-se a lei e as decisões judiciais.

Danemo-nos todos.

E, diante deste triste quadro de agressão à lógica, à Justiça, ao passado de lutas dos sindicalizados, à meritocracia (o vestibular para docentes, criação monstruosa da camarada reitora, que o diga), o Apufsc-Sindical, onde está mesmo?

O gato comeu!