CEPON: Conflito inexplicável

Nos últimos oito anos, o Conselho Curador da FAHECE preocupou-se em profissionalizar sua gestão e das unidades: CEPON e HEMOSC.

Hoje, Santa Catarina dispõe de invejáveis organizações para saúde: eficazes no atendimento público e na prestação de serviços. Além da excelência científica.

A Secretaria da Saúde, com quem as relações com a FAHECE foram harmônicas, decidiu, agora, que exclusivamente o CEPON seja transferido para a Secretaria, argumentando que o imóvel da FAHECE seria do Estado e que o BNDES exige, para concessão de empréstimo de 5 milhões para conclusão do centro cirÚrgico, a transferência.

Contrapondo, o terreno onde o hospital foi edificado era do antigo IPESC, hoje IPREV, e não do Estado e foi transferido à FAHECE com destinação cumprida e, se a Secretaria repassar à Fundação o que deve, é possível o término das instalações.

Quais os motivos, então, do conflito existente?

Na verdade, frustra assumir uma Secretaria que tem o Hospital dos Servidores e o Hospital Regional em situação de dificuldades. Também, com o SAMU com possibilidades de estagnação. Ainda mais, ter a rede estadual de assistência à saúde desestruturada. Sem considerar a falta de recursos para grandes iniciativas.

Assim, não deve ser estimulante assumir uma Secretaria. Cabe, sim, o possível arrependimento. O que se poder fazer? Neste contexto, apresenta-se o CEPON onde, rapidamente, se pode concluir as instalações e ter-se a paternidade da obra. Mesmo sem ter feito nada, apenas gerado conflito.

Mas o mais grave é a hipótese da permissão de planos de saúde ter seus associados atendidos pelo CEPON. Hoje, os únicos beneficiados, pela excelência, são os vinculados ao SUS. E, projetar-se a gestão de hospitais e serviços de saúde públicos por empresa estatal.

Para uma candidatura ao Governo, os problemas não ajudam. Mas, a conclusão do CEPON é um projeto atrativo.

Os pacientes do CEPON e a sociedade catarinense têm outras expectativas da Secretaria que não seja a geração de conflitos inúteis e inexplicáveis.

*Carlos W. Mussi
Professor aposentado e ex-membro do Conselho Curador da FAHECE