Quando a crise de autoridade fomenta o autoritarismo

A última sessão do Conselho Universitário da UFSC foi abruptamente suspensa pelo autoritarismo de um grupo que invadiu a sala de conselhos e forçou a interrupção da sessão. Tais atitudes revelam uma total perversão do caráter acadêmico da instituição e sinalizam um fracasso da instituição na sua missão de formação, pois a frequência com que tais atos ocorrem demonstra que a universidade não consegue mais formar estudantes dotados de uma capacidade de argumentação e lógica, já que ao invés de debater eles preferem apelar para o autoritarismo da coação e intimidação.  Mesmo que não tenham um desejo de argumentar, talvez por estarem desprovidos de razão, o fato é que tais atitudes ocorrem no vácuo do exercício da autoridade daqueles que dirigindo a universidade não tem coragem de se impor a chantagem e a certeza da impunidade desses atos. A solução é simples, basta aplicar a cada um dos invasores as penalidades que se imputam pelos atos cometidos, afinal, interromper uma sessão do CUn é algo que parece não ser permitido no regimento da UFSC, ou é? Mas, claro, que administrador tem coragem de enquadrar estudantes que só demonstram força quando se sentem “protegidos” numa massa disforme que só age em grupo? Definitivamente, a situação hoje mostra que perdemos a referência do que é justo, decente e correto, pois nos submetemos sem reação ao autoritarismo dessa massa disforme.

Que o próximo reitor da UFSC resgate o sentido de autoridade para impedir que o autoritarismo de uns poucos destrua a principal característica de uma universidade que é o convencimento pela argumentação e não pela intimidação.

*Marcelo Carvalho

Professor do Departamento de Matemática