Aposentados, Previdência, Realidade e Universidade

Há no país 24,5 milhões de aposentados e pensionistas, dos terços dos quais recebem um salario mínimo por mês. Segundo o governo e a grande imprensa existe um déficit previdenciário crônico.  Más é esta a realidade?

Num artigo fundamentado com dados do Ministério da Previdência, Ministério de Planejamento etc. o jornalista Carlos Drummond (Carta Capital 09/06/2016) demonstra que os saldos são na “realidade” positivos, de aproximadamente 78 milhões em 2012, 67 em 2013, 35 em 2014 e 20 em 2015.

Drummond escreve que o governo manipula o problema apresentando dois orçamentos: I) Investimentos, II) Fiscal e Seguridade Social em lugar de três como exige a Constituição de 1988: I) Fiscal, II) Seguridade Social, III) Investimentos. Com este artificio não é possível identificar transferência de recursos de Seguridade Social para  gastos do orçamento Fiscal. Isto é confirmado por o economista Milko Matijascic do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada.

E a Universidade que esta obrigada a ser a consciência critica da nação? “nada”. Nenhum comentário. Somente pesquisadores do Centro de Estudos Sindicais e Economia do Trabalho  do Instituto de Economia da UNICAMP se manifesta mostrando que a formalização do trabalho sem carteira assinada acrescentaria 47 bilhões de reais aos cofres da previdência, as despesas com acidentes de trabalho 8,8 bilhões, o enquadramento de acidentes de trabalho como doenças comuns 17 bilhões, e a subnotificação de acidentes 13 bilhões.

Segundo estes pesquisadores “as contribuições previdenciárias são brutalmente sonegadas pelas empresas no Brasil”.

Em diferentes oportunidades escrevi que é atualmente uma obrigação da Universidade estudar os problemas concretos de nosso país, e dar sua opinião ao publico em geral para superar o monopólio informativo de grandes grupos econômicos com interesses nada transparentes. O problema econômico é de grande importância neste momento critico, segundo o economista Amir Khair ex-secretário de Finanças da prefeitura de S. Paulo “Em 2015, os juros foram responsáveis por 80% do déficit do setor público, mas isso não é discutido porque a mídia interditou o debate sobre a questão fiscal”. Justifica-se atualmente ter juros de 14,5% quando existe uma falta de demanda notável? Qual é a explicação REAL dos juros? Não existem outros métodos menos perversos para corrigir a inflação? E os economistas das Universidades que fazem? Acaso discutir as teorias de Hayek, Keynes etc. sem observar a realidade de nossa sociedade? Isso é o que se proclama como Autonomia, Liberdade, Qualidade etc. Devemos ser francos e falar que isso é somente como se diz: para inglês ver.

Os altos custos de manutenção das Universidades Federais, realmente, não se justificam para manter instituições feudais, interessadas somente em estudar teorias não transcendentes, aplicadas a outros países, dos pensadores do neoliberalismo e seus opositores marxistas ortodoxos, em lugar de estudar corajosamente os problemas reais, intrínsecos a economia de nossa sociedade, de nosso país, como deveria SER.

 


Rosendo A. Yunes

Professor aposentado