Uma maneira efetiva de se combater a doutrina do gênero nas crianças

É bem conhecido o interesse  de se introduzir compulsoriamente a doutrina do gênero nas escolas e, por conta disso, temos visto por todo o Brasil uma forte reação do público cobrando de seus legisladores a retirada de toda e qualquer norma que permita a introdução da doutrina do gênero (e também de assuntos correlatos, quase sempre relacionados a aspectos da educação sexual)  nos documentos dos planos de educação a nível estadual e municipal. No entanto, a simples retirada  desses conteúdos dos documentos oficiais não garante que eles não serão introduzidos em sala de aula por professores simpatizantes ou por “estudiosos” do conceito do gênero. 

 

Desejo mostrar que pais e mães cristãs dispõem de uma forma eficaz de neutralizar a doutrinação de gênero a que suas crianças  estão submetidas nas escolas. Esta forma consiste na demolição da doutrina do gênero a partir do confronto conceitual com uma doutrina infinitamente superior e irresistível (aos que pela graça são escolhidos para recebê-la) que é a doutrina bíblica.

 

Com efeito, todo cristão protestante é instruído nas Escrituras tanto em seu culto quanto na escola dominical (ED), mas, enquanto no primeiro o foco principal é a adoração a Deus, no segundo, como o nome indica, o foco é predominantemente formativo.

 

Assim, no seu aspecto formativo, a ED  torna-se um dos pilares da  igreja cristã protestante tradicional, produzindo resultados notáveis, pois o cristão sabe que Aquele que ensina é o próprio Espírito Santo que age de forma eficaz em quem se deixa instruir, gerando abundantes frutos no seu devido tempo. Ora, oferecendo-se  uma ED acessível as crianças, não produziria o Espírito Santo os mesmos frutos nestas crianças? Certamente que sim, e é aqui que vou fixar  meu pensamento na construção de uma estratégia para aniquilar os efeitos perversos da doutrina de gênero nas crianças, mas que, diferente de outras tentativas, toma diretamente as crianças como os elementos contestadores do doutrinador, mesmo que este seja o professor. Explico.

 

Inicialmente,  nenhum professor detém autoridade  que não seja conferida  por  uma valoração do saber que ele transmite e/ou dialoga com seus alunos. Assim, ao verificarmos que os ditos “estudiosos” do gênero quase  sempre  apregoam assertivas rudimentares do tipo “P”, “Q”,… que se materializam, por exemplo, em bem conhecidas declarações como “ser homem ou mulher é algo socialmente construído”,  ou “podemos ensinar  as crianças que elas podem escolher ser homem ou mulher”, etc., vemos que se há alguma defesa do conceito de gênero isto se dá unicamente no domínio subjetivo. Sendo subjetivo, então qualquer um tem o direito de negá-lo em termos subjetivos. Nessa ótica, uma criança cristã exposta à doutrina (subjetiva) do gênero está justificada em exercer sua subjetividade e, por meio da sua fé cristã, tem o direito de repelir em termos bíblicos a mesma subjetividade que o doutrinador do gênero lhe impõe. Vemos então que os argumentos da criança se tornam  tão válidos de serem expostos como os argumentos do doutrinador e, portanto, não podem ser descartados a priori sob pena de cerceamento da liberdade de expressão.

 

Assim, na ED podemos  treinar nossas crianças a pensarem biblicamente a doutrinação de gênero, de modo que, quando alguém lhes diz que “ser menino ou menina não é definido pela biologia, mas sim algo que eles podem escolher  ser”, uma criança cristã possa responder que “Deus criou seres humanos como sendo homem ou mulher, mesmo que muitas pessoas nos tempos atuais resistam, e pensem diferente”. A criança cristã também deve ser ensinada que há pessoas não cristãs que acreditam em outras coisas e que devem ser respeitadas, da mesma forma que  um cristão  deve ser respeitado na afirmação da sua fé cristã e não deve renunciar aos ensinamentos que recebeu. Este ponto é essencial. Não pode a escola tomar partido de um lado da questão. Com efeito, a doutrina de gênero não existe separadamente de outras concepções, mais notadamente, a doutrina cristã que define de forma clara que homem e mulher são atributos definidos biologicamente, independente da subjetividade do indivíduo. O que a escola deve garantir é que alguém que aceite a doutrina de gênero tenha a liberdade de expressar sua idéia, garantindo ao cristão o mesmo direito. Assim, uma criança cristã não comete nenhum preconceito em rejeitar a doutrinação de gênero a partir de uma argumentação bíblica, assim, se um dia o professor sugerir que meninos [1] brinquem com bonecas ou meninas [2] brinquem com brinquedos de meninos e houver rejeição a atividade por parte de um grupo de crianças cristãs, a escola deve resguardar o direito dessas crianças de não seguirem a atividade sugerida pelo professor. Neste caso, cada criança deve brincar da forma como lhe convêm. Notemos aqui que não estamos violando o direito de nenhuma criança, o que não é aceitável é que se imponha uma mesma atividade a todos sem atentar para o fato que a aplicação da doutrinação de gênero não é compatível com crianças cristãs. Da mesma forma, crianças cujos pais acreditam que elas devem ser deixadas livres para decidir ser o que desejam devem ter a liberdade de fazê-lo. Agindo assim contempla-se a todos num ambiente que é plural.

 

Em suma, o mesmo argumento subjetivo a favor do gênero pode ser confrontado com um argumento da fé cristã. É preciso então que a mesma atitude de compreensão e respeito que se espera da criança cristã em relação a seus pares não cristãos também exista em relação a criança cristã. Os simpatizantes do gênero devem então treinar suas crianças a defender a crença que tem na doutrina do gênero e a respeitar os que pensam diferentes, sem que precisem que um professor faça isso por elas. Assim, não deve ser tomado como preconceito afirmações da fé cristã que sustentem que ser homem ou mulher são características naturais que não dependem da escolha do indivíduo. Impedir esta argumentação bíblica equivale a uma manifestação de cristofobia, tão nociva quanto qualquer outra discriminação. Na impossibilidade de conciliar visões antagônicas sobre o assunto resta a opção da neutralidade onde não se fala de gênero, que é a posição de movimentos como os Escola Sem Partido. Uma outra alternativa seria criar escolas onde a doutrina de gênero é adotada como elemento essencial, da mesma forma que existem as escolas cristãs onde a doutrina de gênero não é abordada por ser incompatível com a fé cristã. Neste caso, conhecendo o perfil da escola, pais e mães podem matricular seus filhos na escola que  desejarem. Como regra geral, devemos lembrar que o estado é laico, assim, não cabe ao Estado dizer como os pais devem educar seus filhos quanto a questão da sexualidade ou de assuntos que envolvem a fé. 

Em relação ao último ponto, cristãos podem e devem se unir no projeto da educação domiciliar [3] formando e mantendo escolas em suas comunidades que estariam protegidas contra idéias e conceitos estranhos a educação cristã familiar que desejam para seus filhos. A educação familiar construída sobre uma base cristã atende aos anseios dos pais cristãos aniquilando na raiz toda e qualquer idéia estranha a fé, como por exemplo, a doutrina de gênero. Mas, isso é assunto para outra ocasião.

 

[1], [2] Obviamente, o uso que faço de menino e menina nada tem a ver com a forma empregada na doutrina de gênero.

 

[3]  http://www.educacao-domiciliar.com/aned-associacao-nacional-de-ensino-domiciliar-quem-somos/


Marcelo Carvalho

Professor do Departamento de Matemática