Relevância da Páscoa

O Cristianismo é uma ideia que sai dos limites dos dogmas estabelecidos pelas igrejas que o adotam.

Poucos são os hierarcas e fiéis que têm a consciência das reais dimensões da mensagem cristã.

“A Encarnação em Cristo, para muitos pensadores, é a assunção da grandeza do homem enquanto homem”.

Na interpretação dos humanistas, o jovem Cristo foi um dos muitos judeus daquele tempo, que, inquietos com a situação política de seu povo, procuravam uma saída para a liberdade.

A Palestina estava sob domínio do Império romano e era tempo de Tibério, representado por Pilatos. O território se dividia em cinco pequenos reinos, depois da morte de Herodes.

Como analisou alguém, como outros fundadores de religiões, a ele se atribui origem divina, correspondendo à necessidade humana de lidar com a finitude, o desaparecimento e a Morte.

“Era necessária a reafirmação da antiga aliança, com a Encarnação, a renovação da promessa mediante um homem de carne e osso, enviado do Absoluto, para pregar o amor – ou seja, a solidariedade essencial entre os homens como pressuposto de sua salvação”.

Sim: Ele é tanto mais o filho de Deus quanto é amigo e irmão de todos os homens.

“O irmão e o amigo a que recorremos, nos rincões de nossa alma, onde se recolhe o sofrimento, porque n”Ele – que é parte de nós mesmos – podemos confessar as humilhações sofridas, o nosso desespero, a nossa desesperança do futuro, o nosso desamor para com o próximo, e contar com o seu consolo e perdão”, como analisa sabiamente Mauro Santayana.

Isso não absolve os erros da Igreja desde Constantino.

Mas Cristo é maior que a Igreja.

Páscoa é Ressurreição.

Cristo está além dos supermercados da fé, que usam o seu nome para ludibriar e enganar os carentes, os humilhados e ofendidos deste mundo.

A teologia deve ser da esperança, e não da mera prosperidade material. Importa agora é o Cristo reconciliado com nós mesmos, e não o mau uso do seu nome por impérios religiosos que usam o se nome, arrecadando bilhões. “Nós podemos contar com Cristo, em qualquer capelinha de estrada, em todos os corações que sofrem”.

Insisto – não esqueçamos: Páscoa é Ressurreição, e nessa capelinha de estrada nos mostramos como nós somos, sem subterfúgios, sem dissimulações, sem hipocrisias.

Nus e desamparados- – em busca da verdade.


Emanuel Medeiros Vieira

Escritor