Nicarágua, Venezuela, Cuba, … há alguma diferença?

As notícias recentes sobre a violenta repressão do governo da Nicarágua  contra seu próprio povo representa algum fenômeno diferente do que foi visto em outras ditaduras ? Vejamos.

A ditadura cubana dos irmãos Castro, tão admirada por muitos pseudo-intelectuais, contabiliza  dezenas de milhares de mortos. Já a China comunista e a extinta URSS, também admiradas por muitos pseudo-intelectuais, mataram milhões de seus cidadãos quer seja diretamente pela repressão ou indiretamente pela fome, algo que superou com sobras outros regimes igualmente deploráveis movidos pelas ideologias do nazismo e do fascismo. Olhemos a Venezuela. Também vemos por lá uma repressão brutal de um governo que prende opositores e deixa sua população a beira do desespero sem comida e desassistida de serviços essenciais a ponto dos venezuelanos  acharem que o Brasil com mais de 13 milhões de desempregados, legado maior de um partido que está contaminado até a medula pela corrupção, possa ser uma opção melhor para eles.

Afinal, qual a veracidade de se afirmar que o Ortega de agora representa uma “traição” aos ideais revolucionários do Ortega de 30 anos atrás? Da mesma forma, em que sentido o velho Zé Dirceu de agora, imagem emblemática da corrupção e impunidade em nosso país (pois o “generoso” STF  insiste em deixá-lo solto) representa uma traição do Zé Dirceu de mais de 50 anos atrás? Afinal, será mesmo que houve alguma mudança  nas motivações desses indivíduos, pois a vontade de deter o poder sem medir esforços continua presente na trajetória de ambos.

Há pessoas que hoje, mesmo vendo de longe os equívocos do irrealizável “sonho” comunista (ou pesadelo para os que viveram o horror desses regimes abjetos e desumanos que assassinaram seu próprio povo produzindo mais de 100 milhões de mortos), ainda assim insistem em defender o indefensável. Até se mostram meio pesarosos com o que estão vendo ocorrer na Nicarágua, mas de forma cínica ou por pura ignorância tentam encontrar justificativas para aquilo de que discordam sem, contudo, rejeitarem a causa principal do que está causando o mal que tanto os incomodam.

Da mesma forma agem partidos como o PT, PSOL, PCdoB etc. que podem até camuflar suas intenções, mas continuam  alinhados a ineficaz e condenável  ideologia que os une – o comunismo. Assim, qual a consistência do PSOL criticar Ortega (será mesmo?) se o PSOL nunca criticou Venezuela, Cuba, e as ditaduras comunistas na China, e o modelo soviético? Que autoridade moral tem o PSOL para se atribuir justiça e liberdade (pelo menos é o que o nome indica) quando não parece disposto a renunciar ao comunismo que leva exatamente a supressão da justiça e liberdade? O mesmo se aplica à presidenciável do PCdoB que sempre se esquiva de responder as embaraçosas perguntas dos regimes comunistas que seu partido tanto admira. Vemos assim de forma clara e escancarada a dissimulação desonesta que infesta o meio político e, previsivelmente, só encontra simpatizantes no meio acadêmico e cultural do nosso país.

Sejamos pelo menos honestos em defender aquilo em que acreditamos, mas façamos isso sem rodeios assumindo nossa posição. Assim, finalizo observando que o Ortega de agora não é um novo Somoza, mas sim o mesmo Ortega de 30 anos atrás, que se mostrou  incapaz de reformar seus antigos conceitos. A violência que Ortega usa agora contra o povo da Nicarágua é a mesma violência que ele usou para destituir a ditadura de Somoza e implantar uma outra ditadura- comunista.


Marcelo Carvalho

Professor do Departamento de Matemática