Após críticas, MEC afasta assessores ligados a Olavo de Carvalho

O ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez,  afastou e remanejou assessores ligados a Olavo de Carvalho nesta sexta-feira após críticas do escritor ao governo. Em publicações feitas hoje pela manhã no Twitter, Olavo atacou a ala militar do governo Bolsonaro, em especial o vice Hamilton Mourão.  “Imaginem então o general, que, emergindo da tediosa e austera secura da vida militar, se vê de repente cercado de luzes, câmeras e gostosas repórteres. Cai de joelhos”, escreveu o guru ideólogico de Bolsonaro.

Ontem, havia pedido que seus ex-alunos deixassem seus cargos nos ministérios. “Todos os meus alunos que ocupam cargos no governo –umas poucas dezenas, creio eu– deveriam, no meu entender, abandoná-los o mais cedo possível e voltar à sua vida de estudos. O presente governo está repleto de inimigos do presidente e inimigos do povo, e andar em companhia desses pústulas só é bom para quem seja como eles”, escreveu na rede social, supostamente referindo-se a Mourão.

V.L. / N.O. 

O chefe de gabinete do MEC, o advogado Tiago Tondinelli, foi um dos seguidores de Olavo a deixar o cargo. Sem experiência de gestão ou na área da educação, Tondinelli era um dos ex-alunos do escritor em um cargo-chave do ministério. O assessor especial Silvio Grimaldo, outro seguidor do ideólogo, denunciou que estaria em curso um “expurgo” de alunos de Olavo de Carvalho dentro do MEC, e disse que essa é “a maior traição dentro do governo que se viu até agora”.

O assessor Murilo Resende também é um dos possíveis demitidos. Resende, que chegou a ser cotado para o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), órgão responsável pelo Enem, acredita que professores são doutrinadores que “não querem estudar”, diz combater a suposta “ideologia de gênero” na educação. 

A influência de Olavo com o presidente Jair Bolsonaro é tanta que conseguiu emplacar dois ministros: o chanceler Ernesto Araújo, que tem algumas das ideias mais radicais do primeiro escalão do governo, e o próprio Vélez Rodríguez. O ideólogo chegou a pedir para ser nomeado embaixador do Brasil aos EUA. 

Leia mais: Folha de S. Paulo