Unifesp quer privatizar espaços em busca de verba cortada

Instituição perdeu 74% do orçamento nos últimos três anos 

A Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) busca recursos da iniciativa privada para financiar a expansão dos campi da Vila Marina e de Santo Amaro, na capital paulista. Orçado em R$ 1 bilhão, o projeto prevê a construção de hospitais, prédios acadêmicos, restaurantes e moradia universitária. Dos 129 mil m² construídos, 87 mil m² serão ofertados ao setor privado.

Para conseguir investimentos, a instituição propõe que o uso dos prédios seja compartilhado com empresas. A preferência será dada ao setor de saúde, que poderá operar nos dois hospitais que serão construídos: o Centro de Atenção Integral em Oncologia, e o Hospital da Criança e Adolescente. Outras parcerias também serão firmadas com bancos, restaurantes e cafés, que poderão ser instalados nos prédios de sala de aula.

Por fim, o projeto propõe a concessão de imóveis por até 30 anos. Será a primeira vez que uma universidade federal aceita recursos privados com contrapartidas tão generosas.

A reitora da Unifesp, Soraya Smaili, justifica a ação ao relembrar os cortes ao orçamento da instituição. “Não voltaremos a ter o mesmo patamar de repasses dos anos anteriores e precisamos manter nossos investimentos. Não estamos vendendo a Unifesp, mas buscamos formas de usar a capacidade imobiliária ociosa para levantar recursos.” Há três anos, o orçamento da Unifesp era de R$ 111 milhões. Em 2019, está em R$ 29 milhões – uma queda de 74%.  

O pró-reitor de planejamento, Pedro Arantes, disse que todas as propostas serão analisadas por um comitê. “Estamos bem abertos, mas as propostas não podem fugir muito do nosso escopo.”

Na UFSC, o orçamento de investimento teve uma queda de 85,7% em 5 anos, de acordo com declaração do reitor, Ubaldo Cesar Balthazar. “Caiu de R$35 milhões para R$ 5 milhões em 2019.”

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V.L. / N.O.