Reitor e chefe de gabinete comentam bloqueio de verbas na UFSC

Ubaldo Balthazar e Áureo Mafra de Moraes concederam entrevistas à NSC depois que a Apufsc divulgou matéria sobre o impacto do bloqueio nas contas da universidade

 

“Se bloquear mais, fechamos a porta e entregamos a chave”. A declaração é do reitor da Universidade Federal de Santa Catarina, Ubaldo Balthazar, ao jornal Diário Catarinense, da rede NSC. A entrevista foi concedida após a Apufsc divulgar que a decisão do governo federal de bloquear R$ 29,5 bilhões do Orçamento da União resultará num rombo de R$ 46 milhões nas verbas da Universidade.

 

Na terça-feira, o Ministério da Educação (MEC) também anunciou um bloqueio de 30% nas verbas de todas as instituições federais de ensino. O comunicado se deu após a repercussão da declaração do ministro da Educação, Abraham Weintraub, de que os cortes seriam uma punição por “balbúrdia”. O ministro chegou a citar três universidades que seriam alvos da medida – a Universidade Federal da Bahia (UFBA), a Universidade de Brasília (UnB) e a Universidade Federal Fluminense (UFF).

 

Sobre os cortes com motivação ideológica, Ubaldo Balthazar disse que a situação é um problema mas que não será motivo para censura de eventos ou movimentos dentro da universidade. “A universidade é plural. É um universo, um lugar de pensamento universal, em que temos que trabalhar com diferentes correntes”, afirmou.

 

Corte esperado

 

O bloqueio de 30% nas verbas das universidades não pegou a reitoria da UFSC de surpresa. O chefe de gabinete, Áureo Mafra de Moraes, declarou em entrevista à NSC que a redução já era de conhecimento entre os pró-reitores.

 

“É preciso separar as situações. (…) O orçamento se divide entre capital e custeio. No orçamento de 2019, o MEC contingenciou e teríamos R$ 5 milhões de capital (de investimento), que é insuficiente para construir qualquer coisa. Em 2013 eram R$ 50 milhões, e ano a ano esse valor foi reduzindo. O restante são recursos de custeio para despesas como passagens, materiais de consumo, pagamento de terceirizados, insumos. Até o ano passado, a prática do MEC era liberar 100% do recurso de custeio. Conseguíamos dar conta de vegetar. Não de crescer, ampliar, mas de pagar as contas e terminar o ano no azul, no caso da UFSC. Para 2019 é que veio esse corte (de 30%) anunciado. O impacto, se confirmado, é de cerca de R$ 46 milhões. De um lado, a associação nacional dos reitores trabalha para que a redução seja a menor possível. De outro, internamente, cada universidade se organiza”, declarou o chefe de gabinete.

 

Sobre a contenção de custos,  ele afirmou que há a necessidade de racionalizar em todas as esferas e que sempre existe a possibilidade de racionalização, mas que não se pode sinalizar que “é possível manter a universidade com pouco, nem que somos um poço sem fundo“.

 

O chefe de gabinete também comentou sobre os avanços e novas demandas na universidade pública brasileira ao longo dos últimos anos, e sobre censura e liberdade: “É uma defesa que tem que ser intransigente e nem só nossa, como da sociedade”.

 

Leia as entrevistas: Ubaldo Balthazar / Áureo Mafra de Moraes 


V.C./L.L.