Dois anos da morte do reitor Cancellier de Olivo

Reitor Ubaldo Balthazar e o presidente da Apufsc, Bebeto Marques, participaram de homenagem no Jardim da Paz

 

A morte trágica do reitor da UFSC Luis Carlos Cancellier de Olivo completa dois anos hoje. No dia 2 de outubro de 2017, 18 dias após ter sido preso por 36 horas na Operação Ouvidos Moucos, Cancellier cometeu suicídio, gerando comoção e revolta.

 

Na manhã de hoje, o atual reitor, Ubaldo Bathazar, acompanhado  do chefe de gabinete, Áureo Moraes, e do presidente da Apufsc, Bebeto Marques, além de professores e familiares, foram ao cemitério Jardim da Paz como forma de prestar uma homenagem a Cancellier.

O convite do reitor Ubaldo Cesar Balthazar veio pelas redes sociais. Um chamamento para que, às 9h da manhã, ocorresse uma homenagem e visita ao túmulo do amigo Cancellier. Compareceram ao Cemitério Jardim da Paz cerca de 40 pessoas, membros da Administração Central, professores, técnicos administrativos em Educação e estudantes. O tributo, singelo, foi marcado por falas sobre violência, arbítrio, justiça, e saudade. Os amigos compartilharam suas lembranças de Cau – forma carinhosa como era conhecido o reitor – e a maioria falou de seu legado e prometeu não deixar esmorecer o sentimento de defesa da universidade pública, e da UFSC, em especial. “Cancellier não desaparece com o gesto que cometeu para combater o arbítrio. Pelo contrário, nos anima a lutar pela universidade pública, pela UFSC”, salientou o presidente da Apufsc-Sindical, Carlos Alberto Marques.

O reitor Ubaldo destacou o momento político que vive a universidade pública. “A mesma política que levou o Cau a esse ato está aí hoje, desmantelado a universidade pública”, avaliou. “Ainda hoje é muito difícil estar na Universidade sem o Cau. Cada vez que eu tenho que tomar uma decisão que vai repercutir, quando me perguntam o que vou fazer sobre um assunto sério na Universidade, eu me questiono: “o que é que o Cau faria?”. Assim, eu bato papo com ele na minha cabeça”, compartilhou.

Para lembrar 

Com o objetivo declarado de investigar supostos desvios de recursos do programa de Ensino a Distância (EaD), a operação Ouvidos Moucos mobilizou, naquela ocasião,  115 policiais para prender o reitor e seis professores da universidade.

 

A PF divulgou  relatório final de 817 páginas que indiciou 23 pessoas e não conseguiu apontar o valor do desvio e nem provar qualquer culpa de Cancellier dos crimes dos quais  foi acusado. Ainda assim, integrantes da PF continuam vinculando Cancellier à chefia de “esquema criminoso”, afirmando à imprensa que ele só não está entre os indiciados por ter morrido.

 

Amigo de infância de Cancellier, a quem chamava de Cao, o desembargador Lédio Rosa, falecido no começo deste ano, foi uma das autoridades que denunciaram  os excessos da atuação da Polícia Federal, Juízes e Promotores durante todo o desenrolar da Ouvidos Moucos, que  classificou como ”terrorismo de Estado”.

 

Em entrevista ao site Jornalistas Livres, há um ano, ao ser questionado sobre o fato de a Polícia Federal insistir em associar  o nome de Cancellier a supostos crimes, Lédio Rosa respondeu:

 

“É uma atitude corporativista. Depois que eles fizeram a coisa mal feita, que houve o escândalo, eles tinham que tentar alguma forma de justificar as barbaridades que foram feitas em todo esse processo. E eles tinham, sem dúvida nenhuma, que forçar a barra dizendo que o Cao era culpado, que seu filho é culpado. São formas de legitimar todos as barbaridades que eles fizeram”.


Com informações do Notícias UFSC