Reitores das universidades federais querem processar ministro da Educação

Em entrevista ao jornal O Globo, o presidente da Andifes reiterou que a entidade prepara medida judicial contra Weintraub

A Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) quer acionar juridicamente o ministro da Educação, Abraham Weintraub, por acusações feitas por ele contra as instituições de ensino. Segundo o presidente da Andifes e reitor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), João Salles, o ministro deve prestar esclarecimentos à Justiça sobre suas declarações, uma vez que acusa de crime todas universidades do país. Na última sexta-feira (22), o Jornal da Cidade Online publicou entrevista em que Weintraub acusa as federais de ter extensas plantações de maconha.

 “Se ele descobre que tem um crime sendo praticado, ele como autoridade tem obrigação de comunicar ao Ministério Público. Ele ultrapassou a mera opinião política que poderia ter e indicou como se tivesse ocorrendo crime nas universidades”, diz Salles. “Ele já não respeitava certos limites, mas essa declaração não tem precedentes. Ele indica de uma maneira precisa como se um crime estivesse sendo praticado e que só não é punido porque a polícia não entraria nos campi. Diante disso temos que tomar uma providência.”

Questionado se teme retaliações de Weintraub às universidades, Salles opinou que essa postura seria inaceitável:

 “Não se pode esperar que o gestor público tenha qualquer ação de retaliação. Ele já tinha feito declarações estranhas e incongruentes com a natureza da vida universitária, afirmações preconceituosas sobre a universidade. Mas agora o ministro deu uma declaração onde ele avança na acusação de um crime e ele fala isso estendendo para todo o conjunto das universidades. Ele fala como se as instituições fossem um terreno podre, onde se estaria cavando e aparecendo a cada instante uma situação criminosa.”

O Jornal O GLOBO perguntou ao MEC se o ministro tem evidências sobre a prática desses crimes nas universidades e se já acionou as autoridades, mas ainda não obteve resposta.

No mesmo dia em que o Jornal da Cidade Online publicou trecho de entrevista em que Weintraub acusa as universidades federais de ter extensas plantações de maconha, a Andifes divulgou nota de repúdio. Na nota, a entidade de reitores afirma que se o ministro sabe de crimes e não os comunicou às autoridades competentes “poderá estar cometendo crime de prevaricação.”

Também na nota, a Andifes avalia que o ministro “ultrapassa todos os limites da ética pública, indo aliás muito além até de limites que já não respeitava.” e que “diante dessas declarações desconcertantes, a ANDIFES está tomando as providências jurídicas cabíveis para apurar eventual cometimento de crime de responsabilidade, improbidade, difamação ou prevaricação”.

Leia na íntegra: O Globo