Professores do CFM cobram estratégia da reitoria

Em carta enviada ao CUn, representantes dos docentes do Centro no Conselho Universitário pedem “diálogo sério e transparente” com a comunidade universitária

As aulas presenciais na UFSC estão suspensas desde o dia 16 de março como medida de prevenção à Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. A determinação pela suspensão, que já foi prorrogada, vai até amanhã, 30 de abril. Não se sabe ainda quais são os próximos passos na universidade. Mesmo com a proibição de aulas presenciais por parte do governo de Santa Catarina até 31 de maio, a UFSC não se manifestou. 

Em carta enviada ao Cun e à Administração Central nesta segunda (27), os representantes dos docentes do Centro de Ciências Físicas e Matemáticas (CFM) no Conselho Universitário CUn demonstram sua preocupação com a falta de informação e diálogo entre Reitoria e comunidade acadêmica. “O clima geral é de incapacidade, como a reitoria suspendeu as atividades de ensino presencial e também o EaD dos cursos presenciais, os professores ficaram sem poder manter um contato regular com os alunos”, disse à Apufsc o professor Jorge D. Massayuki Kondo, representante do CFM no CUn e subcoordenador do curso de Física.

Na carta, assinada pelo também conselheiro Antonio Nemer Kannan Neto, os professores manifestam as preocupações do corpo docente do centro e da necessidade de que haja um debate sobre o assunto, no qual conta-se com liderança da Reitoria. “Parece claro que o momento não é passageiro num curto prazo de tempo”, escreveram.

Comunicação e organização

Até o momento, não houve uma comunicação interna entre Administração e Conselheiros, de acordo com o professor Massayuki Kondo. O conhecimento das portarias se deu através do boletim da UFSC. 

Oficialmente não foi criado nenhum Grupo de Trabalho (GT) ou comissão para lidar com as consequências da pandemia e buscar alternativas que minimizem os impactos negativos na comunidade acadêmica. “Já me ofereci em diversas situações para fazer parte das comissões, mas o silêncio é ensurdecedor”, diz o professor.

A carta, enviada na segunda-feira, não obteve resposta até a publicação desta reportagem. Em 17 de abril, Kondo enviou um primeiro e-mail à reitoria e aos demais conselheiros cobrando informações e solicitando esclarecimentos sobre as estratégias a serem adotadas pela universidade.

Ensino Emergencial a Distância (EEaD) 

Professores do CFM vêm realizando reuniões virtuais para discutir possíveis ferramentas que permitam a continuidade de ensino, aprendizagem e avaliação neste período delicado.  O Ensino Emergencial a Distância (EEaD) parece ser a melhor opção no momento, segundo os docentes. Salientam, no entanto, que a tal medida deveria ser “amparada com regras de utilização, métodos bem estabelecidos, períodos de implantação e treinamento, regras de avaliação etc”.

“Nossa preocupação é justificada pelo consenso entre nós de que as condições sanitárias para uma volta “normal” ao segundo semestre não é real. Visto os últimos trabalhos científicos da área que mostra um cenário pandêmico mais persistente do que o esperado. E como ainda não sabemos os efeitos do vírus SARS-CoV-2 no corpo humano, que ataca mais tecidos do que apenas as vias respiratórias, é necessário cautela intensa”, complementa Massayuki Kondo.

Da Reitoria, os docentes cobram ainda apoio aos alunos calouros, que se encontram desamparados academicamente neste momento e ainda não conhecem o funcionamento da universidade. Com uma comunidade universitária de quase 50 mil pessoas, em combate à pandemia as atividades de ensino presencial foram suspensas antes mesmo que o semestre letivo completasse duas semanas.

Confira abaixo a íntegra da carta

Imprensa Apufsc