Redes públicas de ensino têm até 40% dos professores no grupo de risco

Ainda que planejem a retomada das aulas presenciais, 16 estados não fizeram levantamento

Com planejamento para o retorno das aulas presenciais, 16 das 27 unidades da federação não sabem quantos dos professores de suas redes de ensino têm mais de 60 anos ou comorbidades que podem agravar os sintomas do coronavírus. Os estados que fizeram esse levantamento identificaram que até 40% de seus docentes estão neste grupo.

A grande proporção de professores em grupo de risco e que não poderão retornar às escolas fez com que estados e municípios iniciassem a contratação de novos docentes de forma emergencial ou por concursos públicos realizados anteriormente.

Para especialistas e sindicatos de professores, é alarmante o número de estados que nem ao menos sabe quantos dos profissionais da educação não poderiam retornar às escolas neste momento. Segundo eles, a falta de um levantamento indica a falta de organização para a reabertura.

Em Alagoas e na Paraíba, por exemplo, ainda não há previsão de retorno às aulas, mas foi feito o levantamento com os professores para identificar quantos são do grupo de risco para planejar como seria a reabertura. Nos dois estados, mais de 40% dos docentes têm mais de 60 anos ou comorbidades.

Por isso, as duas secretarias já identificaram que o retorno, quando for possível, será no modelo híbrido —ou seja, com aulas presenciais e atividades a distância. Ainda assim, será preciso a contratação de novos docentes para garantir que haja a oferta de todas as disciplinas e em todas as séries presencialmente.

Além da grande proporção de professores nesses grupos, as secretarias também consultaram famílias e profissionais e identificaram que a maioria não se sente seguro para o retorno. Por isso, decidiram adiar por tempo indeterminado a reabertura. As duas secretarias também se preparam para chamar novos candidatos aprovados em concursos anteriores para assumir parte das aulas.

O Amazonas, que já iniciou a reabertura das escolas estaduais, não informou se fez um levantamento e se sabe a quantidade de docentes que estão no grupo de risco. No primeiro dia de retorno às aulas, as escolas enfrentaram greve dos servidores e houve diversas denúncias de desrespeito às regras de distanciamento social.

São Paulo, que tem a volta às aulas previstas para 8 de outubro, não informou se levantou o número de professores e como pretende substituí-los nas atividades presenciais. Na capital paulista, a rede municipal identificou que 10% dos docentes têm mais de 60 anos. O levantamento de quantos têm outras doenças ainda não foi finalizado.

Leia na íntegra: Folha