Novo Fundeb: entenda como vai funcionar o fundo que financia a educação básica

Bolsonaro assinou em dezembro a lei que define as regras para a divisão do dinheiro. Participação do governo federal vai aumentar

A lei que regulamenta o novo Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro sem vetos na sexta-feira de Natal, definiu as regras para a distribuição de recursos à rede pública de educação básica.

O novo Fundeb começa a valer em janeiro. Em agosto, o Congresso aprovou uma Emenda à Constituição (PEC) que tornou o fundo permanente. A mesma PEC estabeleceu ainda um aumento gradativo da contribuição do governo federal a partir do ano que vem. Veja a seguir as principais mudanças no Fundeb:

Participação da União

A partir de 2021, a contribuição financeira da União ao fundo da educação básica aumentará gradativamente. Até este ano, o governo federal contribuía com 10% do valor total. No novo Fundeb, esse percentual sobe para 12% em 2021 e vai aumentando aos poucos até chegar a 23% em 2026.

Modelo híbrido

No modelo atual, o dinheiro é repassado com base nos dados dos 26 estados e do Distrito Federal e depois é distribuído às prefeituras por critérios internos. O novo Fundeb prevê um modelo híbrido, que também leva em conta a situação de cada município para os cálculos e os repasses.

A ideia é corrigir distorções do modelo vigente, que levam cidades ricas em estados pobres a receberem reforço – e cidades vulneráveis de estados ricos a ficarem sem complementação.

Critérios de contribuição do governo federal

A participação do governo no fundo será dividida da seguinte forma, quando chegar a 23% em 2026:

  • 10 pontos percentuais seguirão as regras atuais de distribuição, ou seja, serão direcionados para os estados mais pobres que recebem o complemento da União para atingirem o padrão mínimo;
  • 10,5 pontos percentuais serão distribuídos para redes públicas de ensino municipal, estadual ou distrital que não atingirem o valor anual total por aluno (VAAT), parâmetro de distribuição criado com base na capacidade de financiamento das redes de ensino;
  • 2,5 pontos percentuais complementarão com base no valor anual por aluno (VAAR), que serão distribuídos de acordo com o cumprimento de condicionalidades e evolução dos indicadores – a serem definidos – de atendimento e melhoria da aprendizagem com redução das desigualdades. 

Pela lei, a distribuição do dinheiro, tanto do Fundeb quanto dos fundos estaduais, levará em conta o número de alunos matriculados na rede pública.

Indicadores de melhoria

Parte da complementação da União (2,5 pontos percentuais) será destinada para os estados e municípios que atenderem aos seguintes critérios:

  • Parâmetros técnicos de mérito e desempenho para o provimento do cargo de gestor escolar;
  • Participação de pelo menos 80% dos estudantes em avaliações da educação básica;
  • Redução de desigualdades socioeconômicas e raciais na educação, medidas em exames de avaliação;
  • Referenciais curriculares alinhados à Base Nacional Comum Curricular;
  • Repasse de 10% do ICMS que cabe a cada município, com base em indicadores de melhoria nos resultados de aprendizagem e de aumento da equidade segundo o nível socioeconômico dos estudantes;

Outra forma de medir o desempenho de cada região será por meio das taxas de aprovação nos ensinos fundamental e médio nas redes estaduais e municipais de ensino. Os alunos também serão avaliados por exames nacionais de avaliação da educação básica.

Custo Aluno-Qualidade

O novo Fundeb também define o Custo Aluno-Qualidade (CAQ), que é um parâmetro de financiamento educacional previsto no Plano Nacional de Educação (PNE).

Este é baseado em qualificação dos professores, remuneração, aquisição, manutenção, construção e conservação de instalações e equipamentos necessários ao ensino, além de compra de material escolar, alimentação e transporte. O CAQ define qual deve ser o investimento por aluno para garantir a qualidade na educação.

Salários de professores

No novo modelo, 70% do Fundeb pode ir para o pagamento de salários de profissionais da educação. A regra passou a incluir psicólogos e profissionais de serviço social. Antes, esse percentual mínimo era de 60%.

Por que a renovação do Fundeb foi importante?

O fundo deixaria de existir a partir de 2021 se não fosse renovado pelo Congresso. Sem ele, prefeituras e estados não teriam como cobrir os custos com o ensino.

Um levantamento do Laboratório de Dados Educacionais (LDE) divulgado pela GloboNews em julho aponta que o dinheiro do Fundeb representa mais de 80% do total investido em educação por 2.022 prefeituras do país. Essas cidades têm 8,4 milhões de estudantes matriculados.

Os três estados com mais cidades nesse situação são Bahia (364), Maranhão (215) e Piauí (208). Segundo dados da ONG Todos pela Educação, com o novo Fundeb, o investimento por aluno deve passar dos atuais R$ 3.700 para R$ 5.700 em 2026.

Leia na íntegra: G1