Secretários municipais de saúde cobram medidas mais duras do governo estadual

O Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de Santa Catarina (COSEMS/SC) manifestou-se nesta quinta-feira (25) pedindo medidas mais firmes do governo do estado para conter o avanço da Covid-19. O estado passa pelo pior momento desde o início da pandemia, com a taxa de ocupação das UTIs do SUS atingindo 94,05%.

O documento destaca que as restrições impostas pelo decreto estadual publicado na quarta-feira (24) são tímidas demais para o enfrentamento da doença. Os secretários que assinam o manifesto defendem um novo lockdown, que neste momento de colapso do sistema de saúde seria “muito mais justificado que em qualquer outra época da pandemia”.

O conselho defende ainda que a proibição de circulação da forma que está sendo feita (das 23h59 às 6h) é motivo para descrédito por parte da população, pois “além de inócua não se baseia no ciclo vital do vírus”.

Confira o manifesto na íntegra:

Florianópolis, 25 de fevereiro de 2021.

Nota às autoridades e à Sociedade Catarinense
Enfrentamento da COVID-19

O Conselho de Secretárias Municipais de Saúde de Santa Catarina (COSEMS/SC) vem manifestar posicionamento quanto ao gravíssimo momento de colapso para o Sistema de Saúde Catarinense em consequência do veloz alastramento da COVID-19 em nosso território.

O COSEMS/SC compreende que é o momento de somar esforços com os demais entes representativos da Sociedade e com o Governo do Estado. Porém, como entidade representante das 295 Secretárias Municipais de Saúde alerta sobre as medidas contidas no Decreto Estadual nº 1.168 de 24 de fevereiro de 2021, a saber:

  1. Diante do quadro de colapso no atendimento de pacientes em várias regiões do Estado, o COSEMS/SC considera que as medidas anunciadas são tímidas demais para o enfrentamento da quebra do ciclo de transmissão da COVID-19;
  2. Que em razão da situação de calamidade em saúde pública catarinense este momento pede um lockdown, muito mais justificado que em qualquer outra época da pandemia;
  3. Que as condições atuais de estoque de insumos, falta de RH por adoecimento físico e mental, medo, e esgotamento da disponibilidade no mercado justificam medidas tão ou mais duras que as
    tomadas em março de 2020, quando a pandemia “era esperada”;
  4. Que as medidas de restrição de iniciativa do Estado devem ser tomadas pelo mesmo e torná-las ainda mais restritivas nas regiões balneárias e serranas para evitar a migração em massa para essas áreas pela população negacionista ou aquela que acha que o problema não é deles;
  5. Que as medidas deveriam vir acompanhadas de penalizações capazes de não estimular mais transgressão;
  6. Que limitar horários de proibição, das 23:59 até às 06:00 hs, por exemplo, é motivo descrédito por parte da população, visto que além de inócuas não se baseiam no ciclo vital do vírus. O COSEMS/SC roga às autoridades que voltem a refletir sobre tais medidas e que o momento exige decisões mais drásticas sob pena de comprometer a vida dos catarinenses.

Dr. Manoel Del Olmo
Presidente do COSEMS/SC