O vale onde as vacinas brasileiras morrem

Com orçamentos minguados e infraestrutura insuficiente, o desafio dos cientistas que chegaram ao imunizante nacional é superar os gargalos que tornam a produção dependente de matéria prima importada e transformar as descobertas no laboratório em produto final, como destaca Jornal da Ciência

Há vários obstáculos para ampliar a produção de vacinas no Brasil e eles não se resumem aos cortes orçamentários. Em um documento de abril deste ano, o Grupo de Trabalho (GT-Vacinas) da Academia Brasileira de Ciências (ABC) apontou os principais desafios e gargalos da produção de imunizantes para uso em seres humanos no País. Eles vão desde os científicos e tecnológicos até o financiamento, passando por regulação, experimentação clínica, interação com empresas e criação de startups.

A lista de deficiências é grande, mas o GT destaca, entre elas, a falta de laboratórios com nível de biossegurança 3 e 4, certificados para trabalho com patógenos de alto risco; centros de pesquisa clínica com pessoal treinado para a concepção, coordenação e condução de ensaios e implementação de protocolos sobre Boas Práticas de Laboratório e de Fabricação (BPL e BPF). BPL e BPF são normas que regem a infraestrutura laboratorial para garantir a segurança da pesquisa.

A ausência dessa estrutura básica se soma aos cortes orçamentários, o desmonte de políticas públicas e o processo de desindustrialização pelo qual o País está passando há mais de 40 anos. Todos estes fatores acabam arrastando muitas das vacinas brasileiras direto para o chamado “vale da morte”, ou seja, o espaço entre o desenvolvimento de pesquisas básicas e a comercialização, onde a maioria das pesquisas esvanece por falta de investimentos ou estratégias antes de se tornarem produtos comercializáveis.

“O vale da morte é onde os projetos de vacina brasileira morrem”, resume o cientista Ricardo Gazzinelli, presidente da Sociedade Brasileira de Imunologia (SBI), coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Vacinas/ MCTI, co-fundador do Centro de Tecnologia de Vacinas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) com a Fundação Oswaldo Cruz MG (Fiocruz).

Leia na íntegra em: Jornal da Ciência