Dia das Mulheres e Meninas na Ciência é celebrado com avanços na UFSC

Comissão de Equidade ganha caráter permanente

O dia 11 de fevereiro é marcado anualmente pelo Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, e é comemorado institucionalmente na UFSC, desde 2021, com ações que visam a busca pela equidade de gênero na ciência e consequentemente na Universidade. No último ano, a UFSC instituiu uma comissão para estabelecer políticas de equidade, lançou um curso para os estudantes de graduação sobre a temática e premiou mulheres cientistas. Em 2022, novos objetivos são traçados com a criação de uma comissão permanente e representativa, e novos avanços que possam ser institucionalizados de forma perene.

“De um ano para cá a UFSC voltou seu olhar para suas mulheres cientistas de uma forma mais presente. Mas é só o começo. Ainda há muito a ser feito”, ressalta a vice-reitora da UFSC, Cátia Carvalho Pinto. “Entendemos que esse é um caminho sem volta e que é fruto da movimentação de toda a nossa comunidade universitária. As mulheres e meninas da UFSC querem ser vistas, querem ser ouvidas, querem que suas pesquisas sejam apoiadas”, salienta a gestora e pesquisadora.

O reitor Ubaldo Cesar Balthazar acredita que cada passo que vem sendo dado é um avanço importante. “Foi realmente um marco em 2021 ter tantas ações visando à equidade na UFSC. Agora é vital que esses esforços sejam continuados, e é isso que temos buscado”, ressalta.

As ações que tiveram destaque em 2021 terão novo investimento em 2022. A UFSC acaba de formalizar a Comissão Permanente de Equidade; os cursos com a temática de Gênero, Diversidades e Equidade ministrados pelo Programa Institucional de Apoio Pedagógico aos Estudantes (Piape) terão a disponibilidade de recursos para acontecerem em 2022.

Três entidades representativas ainda não enviaram seus representantes, no entanto, já há um grupo, formado por nove mulheres da comunidade universitária e presidido pela secretária da Saad, Francis Solange Vieira Tourinho, que representa um passo a mais no combate à desigualdade de gênero. O problema é enfrentado institucionalmente desde 2021, quando foi criado um grupo de trabalho com o objetivo de propor à Reitoria da UFSC diretrizes de equidade de gênero em suas múltiplas interseccionalidades, definindo ações, finalidades e metas.

“A verdade é que inclusão sem equidade não existe, e por isso a comissão de equidade tem um desafio que é dar continuidade à sensibilização da nossa comunidade, para que com respeito alcancemos uma UFSC cada vez mais acolhedora e inclusiva”, aponta Francis. 

Em 2021, o Grupo de Trabalho (GT) foi presidido pela professora Miriam Grossi, uma das mais importantes estudiosas de gênero no Brasil e pesquisadora do Núcleo de Identidades de Gênero e Subjetividades (NIGS/UFSC). “A UFSC é reconhecida como uma das mais importantes universidades brasileiras no que diz respeito à sua produção científica e pelo impacto de formação de graduação e pós-graduação. Este reconhecimento nos exige que se enfrente as desigualdades e discriminações estruturais no sistema acadêmico como as de gênero, etnico-raciais, orientação sexual, deficiência, idade, classe social e outras que infelizmente estão presentes em nosso espaço institucional”, pondera.

Miriam lembra que, tomando-se apenas o exemplo da presença das mulheres na UFSC, a representação chega em torno de 50% entre as estudantes, professoras e servidoras técnico-administrativas. “Todavia as mulheres não estão nos espaços de poder no interior da universidade, nem obtêm o mesmo reconhecimento público dos impactos de sua produção científica e engajamento institucional. E se analisarmos os dados relativos às mulheres negras, veremos que elas são uma minoria entre as professoras e servidoras técnico-administrativas e ainda muito menos reconhecidas”, acrescenta.

O relatório final do GT instituído no ano passado recomendou: a criação de Comissão Permanente de Equidade; princípios para uma Política de Equidade; e ações de equidade a serem conduzidas na UFSC. 

Para Francis, que assumirá a coordenação da comissão, o trabalho anterior foi essencial para a criação dos documentos para a implantação da comissão permanente. O grupo também gerou diagnóstico e propôs disciplinas para debater o assunto. Agora, assume a função de ser uma instância guarda-chuva. “A ideia é acolher as diversas comissões menores já existentes na UFSC, com o objetivo de integração de ações dispersas, visando centralizar informações e fomentar novas iniciativas”, frisa a coordenadora, que também destaca os eixos de atuação do grupo:  Proteção, Enfrentamento, Ações Interinstitucionais e Ações de formação.

“Quando tocamos no assunto de equidade e diversidade numa instituição como a UFSC, trazemos para a discussão nossa visão e nossos valores como instituição de ensino, e ressaltamos este tema  com duas palavras que fazem parte da Saad diariamente: a inclusão e as diversidades”, salienta a professora, que também elenca os objetivos centrais do grupo: formular, acompanhar e garantir, de forma permanente a execução de políticas de equidade e de ações e resoluções que venham a contemplar a equidade de gênero e interseccional; desenvolver os grandes eixos da Política de Equidade para a UFSC; elaborar um plano bianual de ações para o desenvolvimento institucional da equidade e apoiar os setores na implantação das ações para a equidade previstas na Política de Equidade. 

Segundo a professora Miriam, são muitos os desafios para o futuro da Comissão Permanente. “O primeiro e mais urgente, é garantir a participação mínima de 50% de mulheres na próxima gestão da reitoria”, indica. “A equidade de gênero é urgente e fundamental para a democracia no interior de nossa instituição”.  Ela ainda cita a necessidade de apoio institucional e a mobilização da comunidade da UFSC “para a implantação dos princípios de respeito e reconhecimento das diferenças”. “Além destas primeiras ações, que devem ser implantadas imediatamente, a comissão de equidade tem, segundo seu estatuto, inúmeras frentes de ação e projetos a realizar e desejo que a UFSC se torne uma referência nacional e internacional no enfrentamento às desigualdades e violências presentes na vida acadêmica”, finaliza.

Fonte: Notícias da UFSC