Estudantes indígenas da UFSC protestam contra Marco Temporal

Diretoria da Apufsc-Sindical esteve presente no ato

Estudantes indígenas da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) se concentraram em frente à Reitoria para protestar contra o Marco Temporal, na tarde desta quinta-feira, dia 25. O ato fez parte do Movimento Indígena Nacional e aconteceu em várias universidades e terras indígenas do país. 

As manifestações ocorrem devido a aprovação da Medida Provisória n° 1154, de 2023, que retirou a competência de demarcação de terras do Ministério dos Povos Indígenas (MPI), transferindo ao Ministério da Justiça (MJ). Além disso, foi aprovada a votação do Projeto de Lei n° 490 (PL 490) em caráter de urgência para a próxima terça-feira, dia 30.

“É importante esses atos estarem acontecendo nas bases e nas universidades. Isso mostra que estamos ligados quanto aos nossos direitos. Estamos cientes que o Marco Temporal é uma decisão que pode afetar todos os povos indígenas do Brasil ”, afirmou Jucelino Filho, indígena Laklãnõ/Xokleng e um dos organizadores do ato.

Estiveram presentes estudantes indígenas de pelo menos sete etnias, representantes do coletivo Mandata Bem Viver e do Sindicato dos Professores e Professoras das Universidades Federais de Santa Catarina (Apufsc-Sindical).

A vice-reitora da UFSC, Joana Célia dos Passos, também participou do movimento. Estudantes destacaram a importância da preservação ambiental e a necessidade de combate aos casos de violência contra indígenas no Brasil. Também denunciaram as dificuldades que enfrentam no ambiente universitário.

Vice-reitora lê carta de apoio aos estudantes

A vice-reitora da universidade leu uma carta em apoio ao movimento dos estudantes. Em sua fala, ela destacou a criação da Política de Enfrentamento ao Racismo Institucional, aprovada em novembro de 2022, e da Cátedra Antonieta de Barros. “Essa cátedra no dia de hoje não poderia se furtar dessa indignação coletiva que nos mobiliza aqui em relação tanto ao Marco Temporal como ao golpe que aconteceu ontem e que traz prejuízos inimagináveis à população indígena do nosso país”, afirmou a vice-reitora.

Joana Célia dos Passos lembrou criação de política de enfrentamento ao racismo e leu carta em apoio aos indígenas (Foto: Robson Ribeiro/Agecom UFSC)

Ainda durante seu discurso, elencou os prejuízos causados pela aprovação do Marco Temporal aos povos indígenas e destacou a tramitação do julgamento das terras do povo Laklãnõ/Xokleng, em Santa Catarina, que irá impactar na demarcação de áreas indígenas de todo o país. A vice-reitora finalizou demonstrando o apoio da gestão à causa. “A gestão 2022 a 2025 da UFSC está junto com vocês. Essa luta não é, e não pode ser, só dos indígenas. Todos nós e todas nós precisamos assumir juntos essa luta que impacta a vida de todos”.

Ao fim do ato, os estudantes indígenas da ocupação Maloca-UFSC pediram contribuição dos presentes para custear a ida de uma delegação, composta por 10 estudantes, para Brasília. A Mobilização Nacional dos Povos Indígenas deve acontecer entre 3 e 10 de junho de 2023.

Fonte: Notícias da UFSC