Pesquisa da UFSC mostra dano causado pelo lançamento de esgoto em dunas de Florianópolis

O estudo é resultado de um Trabalho de Conclusão de Curso do estudante Thiago Lorencetti Ehlert, desenvolvido no Laboratório de Ecologia de Invasões Biológicas, Manejo e Conservação

O lançamento de efluentes de esgoto, mesmo que tratado, no Parque Natural Municipal das Dunas da Lagoa da Conceição (PNMDLC), em Florianópolis, causou impactos negativos na vegetação de restinga. A avaliação é de um estudo desenvolvido no curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). A investigação mostrou que há um maior nível de soterramento e menor vigor da vegetação nativa na área atingida pelo efluente em comparação com uma área natural.

O estudo é resultado de um Trabalho de Conclusão de Curso do estudante Thiago Lorencetti Ehlert, desenvolvido no Laboratório de Ecologia de Invasões Biológicas, Manejo e Conservação (Leimac/UFSC), sob a orientação da professora Michele de Sá Dechoum. A investigação procurou elucidar os impactos do lançamento de efluente da lagoa de evapoinfiltração da Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan) sobre a vegetação de restinga no parque.

Thiago Lorencetti Ehlert realiza coleta de dados
(Foto: Michele de Sá Dechoum/UFSC)

Em janeiro de 2021, a barragem de uma lagoa de evapoinfiltração da Casan que armazenava efluente tratado de esgoto doméstico se rompeu, gerando impactos sociais, econômicos e ambientais na região. Como medida emergencial, um sistema de bombeamento foi instalado para escoar o excesso de efluente e evitar novos rompimentos. O escoamento ocasionou a formação de uma lagoa artificial em outra área de dunas. “Mas o que era para ser uma medida emergencial, já dura mais de dois anos”, observa Dechoum.

A coleta de dados foi realizada em duas áreas diferentes, denominadas de área artificial (onde as lagoas artificiais foram formadas) e área natural. A avaliação ocorreu entre a primavera de 2021 e o inverno de 2022 em 20 pontos de amostragem em cada área. “A partir desse estudo, observou-se uma menor riqueza e uma menor diversidade de espécies na área afetada pelo efluente. E à medida que o tempo foi passando, a composição de espécies presentes foi se diferenciando entre as áreas, sendo que foi observada uma maior dominância de poucas espécies na área artificial, com alta ocorrência de espécies típicas de áreas degradadas das famílias Cyperaceae e Poaceae“, explicou Thiago Lorencetti Ehlert em um vídeo que divulga os resultados.

O trabalho recomenda a interrupção da prática: “Dessa forma, é recomendado a interrupção do lançamento de efluente sobre a vegetação de restinga no Parque Natural Municipal das Dunas da Lagoa da Conceição. Destaca-se, ainda, que a área artificial deve ser alvo da implementação de medidas para restauração ecológica da vegetação.”

O parque, de acordo com Dechoum, é importante por diversas razões: “É uma vegetação extremamente importante para a biodiversidade e para o bem-estar humano, especialmente frente à crise climática que a gente tem vivido. Nesse parque, nós temos centenas de espécies, plantas, animais, microrganismos que dependem de boas condições para poderem usar os habitats que existem disponíveis.”

Fonte: Notícias UFSC