UFSC produz relatório de monitoramento do ar com Ministério do Meio Ambiente

Primeira estação de monitoramento da qualidade do ar da UFSC foi instalada em outubro de 2024 ao lado da Biblioteca Central

O Laboratório de Controle da Qualidade do Ar (LCQAr) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) esteve à frente da produção do Relatório Anual de Acompanhamento da Qualidade do Ar de 2024, documento que consolida dados e informações coletadas pelos estados e apresenta uma avaliação integrada sobre a qualidade do ar no Brasil para o Ministério do Meio Ambiente e Mudanças do Clima. O relatório foi publicado em abril de 2025 e reúne dados e analisa a cobertura de monitoramento no Brasil, estabelecendo também perspectivas para ampliação. Segundo o documento, apenas cerca de um terço da população brasileira é coberta por monitoramento da qualidade do ar. 

A equipe da UFSC contou com 14 integrantes, que trabalharam junto de pesquisadores de outras universidades e do órgão federal. O coordenador do LCQAr Leonardo Hoinaski explica que o convênio com o Ministério do Meio Ambiente tem duração de 26 meses. Com isso, o laboratório irá realizar análises ainda mais aprofundadas, além de oferecer outros projetos que estão inclusos nos sete objetivos da colaboração. Para desenvolver as demais pesquisas, é necessário criar uma base de dados, e o Relatório Anual de Acompanhamento da Qualidade do Ar representa um primeiro passo.

Em 2024, 20 Unidades Federativas (UFs) realizavam monitoramento da qualidade do ar, número maior que o de 2023, quando eram 16 UFs. Sete estados do Norte, Nordeste e Centro-Oeste ainda não possuem estações que monitoram o ar, o que evidencia a necessidade de atuação dos órgão públicos para o cumprimento da Resolução nº 506 de 2024 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). A resolução estabelece padrões nacionais de qualidade do ar e fornece diretrizes para sua aplicação, consolidando a importância de relatórios anuais.

Foram contabilizadas 479 estações de monitoramento em 2024, acréscimo de 84 estações em relação ao levantamento de 2023. Os resultados mostram que a cobertura da rede de monitoramento no país é pequena, com estações de referência — equipamento de alta precisão — cobrindo apenas 0,22% da área total, enquanto as estações indicativas — equipamento de precisão menor — cobrem 0,07%.

O relatório elaborado pela UFSC indica que a rede precisa de ampliação e distribuição mais uniforme das estações de monitoramento, tendo em vista que apenas 30% da população brasileira é coberta por monitoramento da qualidade do ar de referência e 3,57%, por monitoramento indicativo. 

De acordo com o relatório, “implementar padrões mais restritivos representa um passo fundamental para a proteção da saúde da população”. O documento faz a ressalva de que, para alcançar uma gestão uniforme, “é imperativo que os esforços sejam estendidos a todos os estados”. Investir na ampliação das redes de monitoramento, no quadro técnico das instituições reguladoras e no fortalecimento das políticas de controle de emissões é, segundo o estudo, essencial para assegurar que os padrões de qualidade do ar sejam atendidos de forma consistente em todo o Brasil. 

Monitoramento em SC 

Florianópolis recebeu sua primeira estação de monitoramento da qualidade do ar em outubro de 2024. O equipamento instalado ao lado da Biblioteca Central da UFSC é fruto de uma colaboração entre o Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA) e a Universidade. Ele faz medições da concentração de ozônio, óxido de nitrogênio e material particulado de até 2,5 micrômetros (MP2,5). A estação também tem utilidade educativa, ao possibilitar a realização de pesquisas sobre o monitoramento. 

A instalação é um passo para a ampliação da rede de monitoramento de Santa Catarina. No relatório anual de 2024, o estado possuía somente três estações, o menor número entre os estados do sul e sudeste. Também não havia Relatórios de Avaliação de Qualidade do Ar e Planos de Controle de Emissões Atmosféricas em SC. 

Estação de monitoramento do ar instalada ao lado da Biblioteca Central (Foto: Gustavo Diehl/Agecom UFSC)

Colaboração 

Entre os objetivos da colaboração entre o Ministério e o laboratório, estão a avaliação de potenciais políticas públicas para o controle de emissão de poluentes e a elaboração de guias para a gestão da qualidade do ar adequada em níveis estadual e nacional. O projeto utilizará simulações com modelos matemáticos para estimar os níveis de poluentes a fim de compreender o processo de poluição no território nacional. 

Entretanto, desenvolver esse sistema exige esforço e requer um trabalho extenso de coleta, armazenamento e tratamento de dados. “É muito desafiador avaliar a qualidade do ar no Brasil, um país com dimensões continentais e enorme variabilidade socioeconômica”, enfatiza Leonardo. 

As iniciativas exigem dedicação de uma equipe de pesquisadores ampla e capacitada. O Laboratório de Controle da Qualidade do Ar mobilizou professores e estudantes de graduação e pós-graduação para a elaboração do Relatório Anual de Acompanhamento da Qualidade do Ar de outubro a dezembro de 2024. 

Apesar dos avanços, os estados e o país têm um longo caminho para alcançar o monitoramento ideal, como explica o documento: “O relatório revela um desafio complexo que envolve a necessidade de expansão das redes de monitoramento em áreas estratégicas, garantindo uma cobertura equitativa em todas as regiões do Brasil. Por fim, existe uma demanda latente de padronização e armazenamento adequado dos dados e informações para a gestão da qualidade do ar.”

Fonte: Notícias da UFSC