Asterix e os romanos

Por Armando Lisboa*

“Criar problemas e depois oferecer soluções”
Noam Chomsky

Em cinco dias fizemos duas AGs focadas na demolição da sede. Foi somente na última, dia 26, com a presença de 3 representantes da Reitoria (prefeito do campus e chefias do Gabinete/Reitor) prestando informações deveras esclarecedoras e convincentes, que ficou nítida a insustentabilidade de preservar a sede atual. Demonstrou-se que esta questão da “demolição” perdura há quase uma década – antes da Pandemia a inviabilidade daquela sede já estava cristalina.

Se esta AG (e o diálogo nela posto) tivesse ocorrido lá atrás, esta “questão” inexistiria. Como foi possível que apenas na véspera de iniciar a demolição dos Blocos Modulados e reurbanização do local ocorresse esta AG???

Nela foi dito que “ambos os lados são culpados pelo atraso”. De nossa parte, cabe apurar o maltrato como este assunto foi encaminhado dentro do Sindicato. Apesar do fechamento daqueles Blocos, a Apufsc se fez de avestruz, forçando uma batalha campal com a Reitoria, como se fôssemos gauleses resistindo aos romanos.

O fato é que diretorias da Apufsc levaram a situação ao limite, colocando-a em situação de grave risco, gerando ainda pseudo agendas. Ora, diante dos crescentes problemas na UFSC/IFES, a questão da sede é secundária – e artificial, pois gerada por incompetência das instituições envolvidas.

O prof. Adriano (vice-presidente na Diretoria anterior) informou que nas 18 reuniões com a Reitoria sobre a questão, em pelo menos oito assistiu a apresentação do Projeto do Boulevard. A curta e única “apresentação” que assisti – feita naquela AG – foi suficiente para entender sua relevância no campus.

Na AG a Reitoria reapresentou uma solução definitiva de área para realocar a Apufsc: o Flor do Campo (junto ao Bosque do CFH). Todavia, como estão com a “faca no pescoço” – por conta dos exíguos prazos – sinalizou estar aberta para negociar outras alternativas, inclusive construir no próprio local atual.

O que não podemos, neste momento, é fazer birra, abraçar a sede e simplesmente dizer que de lá não saímos, ignorando toda a mal condução da artificial questão por parte de diversas diretorias…

O desmazelo no trato desta questão pelos diretores talvez decorra deles viverem, literalmente, nas nuvens da cobertura do Max & Flora, muito acima do campus. A sede/campus nunca foi prioridade para as últimas diretorias, e isto não deriva de terem uma agenda mais combativa e relevante sindicalmente. Confortavelmente instalados, na prática já transferiram a sede para o Max & Flora.

Eles foram, no mínimo, pusilânimes em deixar isto se arrastar e chegar ao atual estágio absurdo, sem nunca chamar os docentes para se posicionar. A ausência de uma posição mais resoluta da Apufsc nesta “negociação” (o que ocorreria se alavancada com a mobilização dos sócios) fê-la conivente com a estratégia de “empurrar com a barriga” até produzir o impasse atual.

*Armando Lisboa é professor do Departamento de Economia e Relações Internacionais do Centro Socioeconômico (CNM/CSE) da UFSC e ex-diretor da Apufsc-Sindical (2006-2010)

Artigo recebido às 14h09 do dia 28 de maio de 2025 e publicado às 11h16 do dia 29 de maio de 2025