SBPC e ABC divulgam documento síntese sobre a agenda climática brasileira

Em contribuição à COP30, documento propõe o fortalecimento da governança climática e a integração permanente entre ciência e políticas públicas

A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e a Academia Brasileira de Ciências (ABC) divulgam o documento síntese da Declaração do Workshop de Integração e Fortalecimento da Ciência na Agenda Climática Brasileira. Realizado em 3 de outubro, na sede da Finep, no Rio de Janeiro, o evento reuniu 72 pesquisadores e gestores de 50 instituições com o objetivo de discutir mecanismos de articulação entre ciência, políticas públicas e financiamento climático no contexto da COP30, que começa na próxima segunda-feira, dia 10, em Belém (PA).

O texto destaca que a ciência deve ser parte estruturante da governança climática, orientando políticas de mitigação e adaptação, estratégias de desenvolvimento sustentável e instrumentos financeiros. Nesse contexto, o documento destaca a “economia da adaptação” como eixo estratégico para integrar inovação, resiliência e justiça social às políticas de enfrentamento da crise climática global.

As discussões resultaram em cinco tarefas prioritárias para o Brasil na COP30, sintetizando a convergência entre conhecimento científico e as demandas políticas e socioeconômicas do país:

  1. Acelerar a transição para energias renováveis e infraestrutura adaptativa, fortalecendo a pesquisa e a inovação nacional em energia limpa e armazenamento;
  2. Zerar o desmatamento de florestas tropicais, articulando conservação ambiental e desenvolvimento regional inclusivo;
  3. Garantir adaptação e proteção social para populações vulneráveis, com políticas concretas de saúde, educação, saneamento e segurança hídrica;
  4. Assegurar financiamento climático estável e escalável, integrando FNDCT, Fundo Clima, Fundo Amazônia, BNDES e mecanismos internacionais de financiamento;
  5. Fortalecer a governança climática e a multilateralidade, com a criação de uma estrutura permanente e autônoma para a coordenação da agenda climática nacional.

O documento também organiza suas recomendações em cinco eixos temáticos — governança e institucionalidade; fortalecimento científico e desenvolvimento regional; dados, transparência e monitoramento; financiamento e inovação tecnológica; e educação, comunicação e articulação internacional. As propostas incluem a criação de uma autarquia específica para a gestão climática integrada, a consolidação do Sistema Nacional de Transparência Climática e a ampliação da infraestrutura científica em regiões estratégicas, especialmente na Amazônia.

“O conjunto reafirma a capacidade da ciência brasileira de contribuir de forma decisiva para a construção de uma economia sustentável e adaptativa, posicionando o país como protagonista global na COP30 e nas transformações da próxima década”, atestam as entidades.

O workshop foi organizado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), a ABC e a SBPC, e suas conclusões servirão de subsídio para a participação brasileira na COP30, em Belém.

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Fonte: Jornal da Ciência