“Neonazismo não é fenômeno passageiro no Brasil”, mostra pesquisador da USP

De acordo com levantamento, pouco foi feito para desmantelar grupos radicalizados e impedir a disseminação do discurso extremista de direita entre adolescentes e jovens

Os ataques a escolas aumentaram no Brasil nos últimos anos. Na percepção de quem estuda o tema, pouco foi feito para desmantelar grupos radicalizados e impedir a disseminação do discurso extremista de direita entre adolescentes e jovens. Essa é a análise de Daniel Cara, professor e pesquisador da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP) que coordenou um grupo de análise sobre o perigo da extrema direita na população jovem, ao lado de mais 12 pesquisadoras e colaboradoras, entre elas Lola Aronovich. Com mais de 50 páginas, o relatório assinado pelo grupo foi entregue à equipe de transição do governo em dezembro de 2022, responsável pela área da educação.

Segundo Daniel Cara, a elaboração do relatório não estava prevista, mas o assunto se tornou urgente depois do atentado em Aracruz (ES), em que um menor de idade atacou dois colégios no mesmo dia, usando uma braçadeira com a suástica e uma máscara de caveira usada por grupos neonazistas. Três pessoas foram mortas.

Na última segunda-feira, dia 13, um atentado frustrado em Monte Mor, no interior de São Paulo, tomou o noticiário. O autor, também menor de idade, levava consigo artefatos e objetos que faziam referência aos atentados anteriores. O evento carregava as mesmas características do de Aracruz.

Para Daniel Cara, que voltou a cobrar que o governo federal preste atenção no conteúdo do relatório, não há interesse político em atuar na prevenção de atentados em escolas, nem de desmantelar espaços virtuais em que o discurso extremista atinge majoritariamente jovens e adolescentes do gênero masculino.

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