Evento ocorreu entre 16 e 26 de junho

O estudante indígena Eliel Ukãn Patté Camlen, do curso de Relações Internacionais, e a professora Marinez Scherer, coordenadora do Laboratório de Gestão Costeira Integrada da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), participaram da 62ª sessão dos Órgãos Subsidiários da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC). O evento, que reuniu mais de 190 nações e cerca de 5 mil partcicipantes, ocorreu entre 16 e 26 de junho na cidade de Bonn, na Alemanha. Foi de um encontro preparatório à 30ª Conferência das Nações Unidas sobre o Clima (COP30), que será realizado em novembro deste ano na Brasil.
Eliel é indígena Iaklaño-Xokleng e sua participação no evento na Alemanha ocorreu no quadro do programa Kuntari Katu: Líderes Indígenas na Política Global, que prepara jovens lideranças para participar das discussões e negociações internacionais que envolvem os povos indígenas, iniciativa dos ministérios dos Povos Indígenas e das Relações Exteriores.
Segundo ele, participar do evento como único representante do povo Xokleng foi uma oportunidade de interagir com pessoas de outros povos indígenas e unir forças nas discussões relacionadas às mudanças climáticas. “Foi um espaço onde levamos nossa voz enquanto coletivo, uma oportunidade ímpar de representação e contribuição com nossos conhecimentos tradicionais”, considera o estudante de 23 anos. Ele destaca também a contribuição da experiência para sua formação: “Foi muito interessante ver num ambiente real como são debatidos esses temas tão importantes e outros temas que envolvem negociações internacionais”, afirma.
Propostas para o oceano
A professora Marinez Scherer é Enviada Especial para o Oceano da COP30, atuando como ponte entre a presidência da COP30, a sociedade civil e a academia nas temáticas relacionadas aos oceanos. No evento em Bonn, ela participou do Ocean Dialogues do Órgão Subsidiário de Assessoria Científica e Tecnológica (SBSTA, na sigla em inglês), um dos principais órgãos da UNFCCC, que desempenha papel fundamental na facilitação das discussões e na assessoria sobre questões científicas e tecnológicas relacionadas às mudanças climáticas. “No Ocean Dialogues se tiraram propostas para que o oceano entre como um dos principais agentes de mitigação e adaptação às mudanças climáticas”, sintetiza a professora.
A ideia, explica, é encontrar maneiras de preservar os oceanos para que eles sejam aliados na mitigação dos efeitos das mudanças climáticas, por meio da absorção de calor e CO2, por exemplo. Para Marinez, embora seja essencial para o equilíbrio do planeta, o oceano vem sendo subestimado nas soluções propostas. “Responsável por absorver mais de 90% do calor excedente e cerca de um quarto das emissões globais de CO₂, o oceano é um dos maiores aliados na luta contra a mudança do clima. Ignorar esse papel é desperdiçar uma das melhores oportunidades para proteger a vida na Terra, as florestas e alcançar as metas de redução de emissões”, defende.
A COP30, ou 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC), será realizada em novembro de 2025, em Belém (PA), com representantes de cerca de 200 países para discutir e negociar ações globais em resposta às mudanças climáticas.

Fonte: Notícias UFSC
