COP30 é momento de defender financiamento para ciência e meio ambiente, diz presidente da SBPC

Francilene Garcia ponderou que tanto as políticas ambientais quanto as científicas sofrem de um mesmo cenário: a descontinuidade

A presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Francilene Garcia, deu uma entrevista ao programa Papo de Futuro, da TV e Rádio Câmara, na manhã desta terça-feira, dia 18. Em sua fala, Garcia ressaltou a importância da COP30 como um momento global de redefinição das políticas ambientais – e isso não deve ocorrer sem ciência.

“A comunidade científica brasileira considera a COP30 como um momento decisivo. Para nós, essa Conferência, sediada na Amazônia, reposiciona o país diante de uma responsabilidade e também diante de uma oportunidade de redesenharmos a Agenda Global do Clima”, ponderou.

Garcia ressaltou também que a construção de políticas adequadas envolve articulações com pesquisa e com as populações que vivem nos ecossistemas que necessitam de preservação: “Neste momento, em Belém, nós chegamos com a convicção de que não há um enfrentamento consistente da crise climática sem ciência, mas também essa ciência precisa dialogar com os territórios. E aí eu me refiro ao diálogo com os povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos, com as juventudes, agricultores familiares e, obviamente, com os pesquisadores locais, em todos os nossos biomas.”

A presidente da SBPC também apresentou diretrizes do documento-síntese que a entidade elaborou com a Academia Brasileira de Ciências (ABC), como resultado do Workshop de Integração e Fortalecimento da Ciência na Agenda Climática Brasileira, evento realizado em outubro na sede da Finep. Como o nome do evento sugere, o relatório sintetiza caminhos e aplicações do conhecimento para o fortalecimento das políticas ambientais.

Garcia ponderou que tanto as políticas ambientais quanto as científicas sofrem de um mesmo cenário: a descontinuidade, tanto de recursos quanto de base legislativa – e que cabe à COP30 mudar este cenário histórico:

“As políticas ambientais e científicas devem ser fortalecidas, e é necessário para isso que haja financiamento assegurado. E como o enfrentamento climático não é só de um país, não é só de uma instituição – ele é multilateral -, este financiamento público pertence a várias fontes e vários países. Isso nos coloca diante de um grande desafio que é desenvolver um modelo de governança que seja capaz de assegurar essa dedicação à Ciência de forma permanente”, concluiu.

Fonte: Jornal da Ciência