A história da filiação das AD’s à CUT

Recordo-me de minhas lutas, no meu tempo de professor ativo. Lembro-me especialmente do ano de 1988, quando aconteceu o único plebiscito feito pela Apufsc. 

 Foi uma proposta minha, aprovada numa assembléia. O presidente da Apufsc era o Kiko, que conseguira chegar à presidência apesar de não ser petista. 

 O plebiscito era para decidir se a Apufsc deveria se filiar à  CUT ou não. O resultado foi contrário à filiação na proporção de 7 a 1.

 Logo depois, a Apufsc fez uma assembléia para escolher os seus delegados para o Conad. Esta assembléia foi dominada pelos militantes da esquerda, à época com o predomínio do PT. 

 Assim, com apenas pouco mais de 20 professores participantes, esta pseudo-assembléia elegeu os representantes da Apufsc para o congresso da Andes em Juiz de Fora, onde se decidiria pela filiação das associações docentes à CUT, em última instância. 

 Claro que os partidos de esquerda elegeram quase todos os representantes, todos a favor da filiação, em total desrespeito ao resultado do plebiscito. Aconteceu que, nas vésperas da viagem a Juiz de Fora, um dos representantes escolhidos pela pseudo-assembléia adoeceu e o seguinte mais votado era eu. 

Por isso, fui ao Congresso da Andes, como representante da Apufsc. Lá no congresso, um dos “cutistas” da UFSC (um professor da agronomia) se inscreveu para falar. Quando vi que ele ia se inscrever,  também fui lá e me inscrevi. Tal como pensei, ele defendeu a filiação das  associações de professores à CUT. 

Para surpresa dele, o próximo orador era eu. Então eu o acusei de desrespeitar a decisão dos professores da UFSC. Contei ao plenário que tinha havido um plebiscito e que o resultado tinha sido avassalador, contra a filiação. Terminei meu discurso conclamando a todos os congressistas a respeitarem a opinião majoritária de suas universidades. 

Deixei bem claro que todos eles eram apenas delegados e que estavam lá unicamente para representar o pensamento majoritário de suas universidades e não para impor o seu próprio pensamento sobre o de todos os seus colegas. 

Resultado: o tumulto foi de tal ordem que a mesa decidiu interromper os trabalhos por cerca de 30 minutos. Quando, neste intervalo fui para fora, ao sair pela porta do auditório, recebi uma enorme vaia de meus colegas e de muitos outros. A manifestação continuou com eles todos cantando para mim “Apesar de você, amanhã há de ser outro dia…”. 

Era a música do Chico Buarque, da qual eu gostava muito. Tive que passar por  isso!…  

Quando afinal voltamos ao plenário, a reunião recomeçou com uma nova proposta da mesa diretora que substituía a filiação à CUT por um convênio de colaboração. 

 Na prática, uma filiação branca (ou seria negra?). O dirigente dos trabalhos ainda teve a “cara de pau” de anunciar: “Esta nova proposta não foi debatida nas universidades, portanto vocês estão livres para votar conforme as suas consciências!…”

Resultado: a filiação branca foi aprovada.

Então, juntamente com o Kiko (que presidia a Apufsc), o Gerônimo e os colegas indignados de outras universidades, lançamos um Manifesto que foi assinado por mais de cem professores de todo o Brasil. Bem que tentamos  enfrentar a força autoritária dos militantes do PT. O resto da história, todos conhecem. Um ano ou dois depois, já sob nova diretoria e sem qualquer nova discussão, a Apufsc se filiou a Andes. Passou a seguir os ditames políticos da CUT. Passou a contribuir financeiramente com a CUT! Esta história não é contada hoje. Seria bom relembrá-la.