Mateus 7, 1-5

O professor Paulo Rizzo no seu artigo “Aparelhismo na Apufsc” faz duras críticas a atuação do professor Armando como presidente da Apufsc e, não satisfeito, estende agora suas críticas a todos aqueles que o apóiam. 

Façamos uma análise dos argumentos do professor Rizzo. Este inicia seu artigo criticando o professor Armando pelo fato de ter participado do programa político de um certo candidato e de ter sido identificado neste programa como presidente da Apufsc. Ora, ser identificado como presidente da Apufsc não implica que a Apufsc esteja oficialmente apoiando tal candidato (da mesma forma que o presidente da CNBB defender a revisão da lei da anistia não implica ser esta uma posição oficial da igreja católica). Vejo aqui uma contradição enorme na argumentação do professor Rizzo. Vejamos, é sabido do alinhamento do Andes com a cartilha de partidos como PSOL e PSTU via sua filiação (agora ratificada) ao Conlutas.

Agora, o que fez o professor Rizzo durante sua gestão como presidente do Andes para que este fosse de fato um sindicato independente de partidos políticos? Diante disso, que autoridade tem o professor Rizzo para criticar o professor Armando?

Mais adiante, professor Rizzo escreve: “Questionava, portanto, que o presidente não tinha o direito de agir diferentemente das definições emanadas pelas instâncias de deliberação”. Ora, o professor Rizzo fez exatamente isso no último congresso do Andes quando, contrariando deliberação dos associados, se absteve de votar pela desfiliação do Andes ao Conlutas e que o Andes representasse somente Ifes. Nesta ocasião, segundo relato de um membro do CR que esteve presente no congresso, o professor Rizzo alegou que não se sentia obrigado a votar de acordo com o que havia sido deliberado pelos associados. Estaria o professor Rizzo então se auto-representando? Se for, com que mandato?

Professor Rizzo critica as pessoas que assinaram o artigo “Ao Comando” publicado no último boletim e  sugere que os mesmos ao defenderem a liderança do Armando relegam o restante da diretoria a condição de insubordinados uma vez que se coloca a mesma liderança acima das normas e regras. Ao dizer isso, professor Rizzo comete um erro grosseiro na sua análise da crise que envolve a diretoria e o professor Armando. De fato, os atritos entre o professor Armando e a diretoria se tornaram público com um artigo em que o professor Armando criticava a diretoria. No boletim seguinte, a diretoria em peso escreve um artigo em que praticamente exige a renúncia do professor Armando. Isso foi o que desencadeou a moção de apoio dos associados ao professor Armando que, como bem lembrou o professor Rizzo, teve mais votos do que a própria diretoria. Ora, depois disso, o mínimo que se esperaria seria então a renúncia de cada membro da diretoria exceto o Armando. Não renunciando a diretoria, seria então razoável que cada um entendesse o apoio dado ao professor Armando como um sinal claro de que mudanças estavam em curso.

Não foi, contudo, o que aconteceu e, desde então, vemos a completa deterioração das condições necessárias para que o sindicato funcione de forma organizada e coesa. É este o sentido que é dado a “insubordinação da diretoria aos parâmetros mínimos de funcionalidade organizacional, civilidade e convivência”. Não se pretende dizer com isso que o professor Armando seja o bem e a diretoria o mal ou vice-versa, mas sim que existe uma cisão irreconciliável de posições diametralmente opostas. Não havendo mais condições na Apufsc para um diálogo construtivo entre diretoria e o presidente, isso explica em parte certas decisões do professor Armando, vistas por alguns como passando por cima da diretoria, por exemplo, a contratação do escritório de advocacia para a questão do mandado de segurança da URP. Professor Rizzo classifica assim o professor Armando de antidemocrático. Professor Rizzo, contudo, não menciona que na semana seguinte a diretoria, tentando reverter tal situação, convoca uma assembléia geral para desautorizar o pagamento devido ao escritório de advocacia. O resultado mais uma vez foi a presença significativa de associados dando aval a posição “antidemocrática” tomada pelo Armando.
A respeito do professor Armando, professor Rizzo escreve: “em toda história da Apufsc jamais houve um presidente que tivesse tanto apoio”. Sem dúvida e acrescento que tanto a Apufsc quanto o Andes talvez jamais tenham tido um presidente que tenha sofrido tanta oposição por contrariar práticas viciadas de se fazer sindicalismo. Obviamente, não será daí que se origina todo esse apoio ao professor Armando?? Mantendo-se firme e continuando sua luta a frente da Apufsc, professor Armando demonstrou ter suficiente estatura moral para se insurgir contra práticas sindicais viciadas e, dessa forma, abriu o caminho para que pessoas sem voz no nosso sindicato pudessem ter, ao menos uma vez, a possibilidade de serem ouvidas, nem que fosse para dizer que nosso sindicato não deve apoiar o MST e que seja despolitizado. Na sua gestão frente ao Andes, o professor Rizzo não demonstrou ter a mesma estatura.

Para finalizar, não compreendo o título do artigo do professor Rizzo: “Aparelhismo na Apufsc”. Ora, não foi o próprio professor Rizzo que como presidente ajudou a manter o aparelhismo no Andes com sua aliança imoral ao Conlutas? E que nos tentou enfiar de forma antidemocrática e goela abaixo uma greve em 2007 e que foi rejeitada de forma democrática numa votação em urna?  Professor Rizzo, acredito que você tem suas razões para justificar seu comportamento, assim como o professor Armando tem as dele. A crítica é louvável, mas quando se vai muito além da crítica começamos a julgar os outros. Acerca disso deixo-lhe uma boa sugestão de leitura: Mateus 7, 1-5 (a mensagem vale para mim também e para todos) uma alternativa ao já tão falido mantra marxista ao qual o senhor parece aderir.