Drogas na UFSC

Em 2011 tive oportunidade de acompanhar, como aluno, a quarta edição do curso a distância de “Prevenção ao uso indevido de drogas” oferecido pela UFSC. Atualmente estão sendo oferecidas mais 40.000 vagas para inscrições na sexta edição desse curso. O material didático, com mais de 400 páginas, que é enviado em papel para os alunos, está disponível no site do curso. Este é um excelente serviço que a UFSC vem oferecendo para a sociedade brasileira.

O saudoso maestro José Acácio Santana destacou, muito sabiamente, no hino da nossa universidade que “nos universitários repousam confianças, pois são depositários de grandes esperanças” e que neles estariam as “glórias do Estado e do Brasil”. Como uma importante universidade pública, espera-se efetivamente que os altos investimentos da sociedade brasileira na UFSC tenham um elevado retorno social especialmente através de nossos alunos.

A ciência já constatou que o cérebro humano só está plenamente desenvolvido quando os alunos da UFSC estão completando suas graduações. Ao entrar na universidade, a sua área posterior, responsável pelos desejos já está bem desenvolvida, mas a área responsável pelos freios lógicos ainda não se desenvolveu. Cria-se então um ambiente que necessita ser bem controlado, especialmente se os pais dos alunos moram longe de Florianópolis.

As informações científicas hoje disponíveis permitem atividades de convencimento que podem ter alta eficácia no combate ao uso de drogas. Os professores universitários, que muitas vezes também são pais, devem ser devidamente capacitados para participar efetivamente desse esforço de convencimento. Drogas lícitas como fumo e álcool são comprovadamente portas de entrada no mundo viciante das drogas mais danosas.

Como membro, há mais de doze anos, de sucessivas diretorias do Conselho Comunitário de Segurança da Bacia do Itacorubi (CONSEG), tenho constatado o efeito devastador das drogas psicotrópicas na sociedade brasileira. Sendo vizinho de grandes produtores, o Brasil sofre uma grave epidemia de violência que tem seu nascedouro quase que exclusivo nessas substâncias que alteram o funcionamento cerebral.

é necessário ter consciência de que o usuário de drogas ilícitas não prejudica apenas a sua própria saúde. Ao injetar recursos financeiros nas drogas ele está viabilizando todo o tráfico, com suas mÚltiplas e danosas consequências. As mortes de muitos adolescentes brasileiros são decorrentes deste financiamento insano. A pretendida legalização do consumo da maconha certamente abriria mais uma porta lastimável e execrável para o mundo das drogas ilícitas, da violência e da criminalidade.

*Raul Valentim da Silva

Professor aposentado e membro do Conselho de Representantes da APUFSC