Totalitarismo Universitário

Na sua obra “Origens do totalitarismo” (2003) Hannah Arendt escreve que em boa medida é consequência da perda de uma “comunidade disposta e capaz de garantir quaisquer direitos”. O totalitarismo é um ponto crucial: a perda da própria comunidade humana. Para Arendt, a sociedade de massa teve origem em uma ruptura com a tradição, com os valores do passado dando lugar a uma realidade onde tudo pode acontecer. No entanto, o homem pode perder todos os denominados direitos do homem sem perder a sua qualidade essencial: sua dignidade humana.

Um grande politico argentino, colocado pelo “neoliberalismo” no grupo dos ditadores, expressou muitas vezes o seguinte conceito: dentro da lei tudo. Para isto estão as leis. Dos direitos e obrigações que nos outorga a lei tudod+ fora da lei nada, nada, nada.

Estou fazendo desta forma referência a nota da Apufsc de 14 de dezembro 2015 na qual demonstra que na reunião do 11 de dezembro o Conselho Universitário da UFSC arquivou o processo de consulta informal, realizada legalmente pelo Sindicato, para escolha de Reitor de Universidade Federal. Mas, este episódio, é um dos muitos nos quais a Cun esqueceu a lei existente para guiar-se pela sua própria lei. Não se lembraram de EU SOU A LEI de tantos totalitarismos!

Este fato está demonstrando algo inédito. O totalitarismo “neoliberal” parece uma contradição, mas na realidade é isso mesmo. Um totalitarismo amparado pela imprensa. Lembremos o jornalista Moacir Pereira que escreveu por ignorância ou má fé, sobre a APUFSC sem corrigir seu comentário. Lamentavelmente a desinformação é quase total no Brasil por este motivo estamos com o país com a cabeça para baixo e os pés para cima, como já  escrevia o filosofo espanhol Ortega e Gasset sobre Europa, em 1930.

Agora o CUn da UFSC esta destruindo os valores republicanos que significam a igualdade de direitos de todas as pessoas e instituições frente  a lei e assim destruindo a comunidade universitária. Isto levará, certamente, a submissão das capacidades humanas a uma “camisa de força”, O professor fica isolado pois o CUn tornou sua ação impotente e assim limitou a sua própria função, sem poder atuar na esfera pública, que é o âmbito de sua “liberdade”, porque este é o campo onde a capacidade humana pode engendrar, individual o coletivamente, algo novo e inédito.

Aqui, torna-se claro o porquê da total recusa que devemos tomar de formar ”recursos humanos”, parafusos de um sistema que não respeita a dignidade humana, tornando-se  totalitário, mas “pessoas qualificadas”. Ao definir pessoas estamos falando de seres críticos, com capacidade de pensar livremente, de pensar com objetividade laica, ou seja, não influída por partidos políticos, grupos religiosos, sociedades, ONG, ou  culturas dominantes.

Nossa dignidade de professores, representados pela Apufsc, foi afetada pelo CUn, que desejas impor sua própria lei, contrariando as leis nacionais aprovadas pelo Congresso Nacional, como representante do povo do Brasil. Devemos reagir a esta imposição como corresponde a dignidade humana, em defesa da mesma e da Universidade.

Senhores do Cun  fora da lei nada, nada, nada. Vamos lutar contra seu totalitarismo.

 

*Rosendo A. Yunes

Professo Aposentado