Para ministro, MEC é abacaxi do tamanho de um bonde

Vélez foi chamado por deputados para dar explicações sobre crise no ministério ​

O ministro da Educação Ricardo Vélez Rodriguez foi convocado pela Comissão de Educação da Câmara para prestar esclarecimentos sobre a crise que atinge o ministério, que envolve demissões e disputas entre grupos aliados ao governo. Quando questionado,  Vélez justificou que as 15 exonerações ocorridas neste mês aconteceram por critérios técnicos. Segundo a Folha de São Paulo, ele disse ainda que o presidente do Inep Marcus Vinicius Rodrigues, que também foi demitido,  “puxou o tapete e mudou de forma abrupta o entendimento de fazer as avaliações”.

Mesmo que não tenha sido Marcus Vinicius o autor do pedido para cancelar o teste no ensino básico, Vélez o afastou do cargo e voltou atrás, revogando a portaria. A proposta havia partido do secretário de Alfabetização Carlos Nadalim – aluno de Olavo de Carvalho, que permanece no MEC. Por não ter sido consultada sobre as mudanças, a secretária de Educação Básica Tânia Leme de Almeida também se demitiu.

Os deputados pressionam o ministro para que sejam tomadas medidas mais concretas para conter a crise, a qual se estende por quase três meses, mas ele afirma que a construção de políticas públicas em uma máquina grande como o MEC é demorada. Criticado por dar respostas vagas, o ministro disse que não cabe a ele saber “de cor e salteado” números que envolvam sua pasta. “Muitos pediram para eu sair, mas não vou sair. Por que é um passeio às ilhas gregas, não? O cargo é um abacaxi do tamanho de um bonde. Mas topei o convite porque quero devolver ao meu País o que ele fez por mim”. 

Pablo Escobar 

Colombiano naturalizado brasileiro, Vélez defendeu  a expansão da rede de colégios cívico-militares no Brasil (“afasta o traficante da escola”) e citou como exemplo a estratégia do megatraficante Pablo Escobar.  “O traficante dá no pé, porque quer massa de manobra. Era o que fazia Pablo Escobar em Medellín. A mesma coisa. Pablo Escobar tinha campos de futebol para os jovens e uma pequenina biblioteca. Por isso, eu tenho esses jovens aqui, e não consomem cocaína, porque é produto de exportação. A ideia não era consumir na Colômbia”, afirmou na audiência pública. Ao mencionar o líder do cartel de Medellín, o ministro referia-se à ação de traficantes brasileiros em escolas para cooptar estudantes e vender drogas.

Atualmente, há pelo menos 120 escolas cívico-militares no Brasil. “As escolas cívico-militares, que aliás temos aqui vizinhas no estado de Goiás, não foram feitas por este governo [Bolsonaro]. Foram feitas pelo governador anterior [de Goiás, Marconi Perillo]. Essas escolas estão sendo um sucesso, os senhores sabem. Não há arma dentro da escola, tem agentes de segurança encarregados da parte administrativa dentro da escola”, disse o ministro.

M.B. / N.O.